As palavras de
Victor perturbam Simone, ele esta furioso com a morte de Strauss, e mais ainda
pelo fato de nada ter sido feito, como eles puderam não fazer nada com Ravel?
Era algo que ele não perdoaria.
A própria Simone
evitava pensar nisso desde que procurou Ravel para conseguir um acordo para
mandá-lo para o paraíso com os outros, parte dela sentia o mesmo, queria vingar
Strauss, mas antes de seus sentimentos precisava pensar no todo, entender que
uma vingança apenas dividiria a Vama Marga.
Não apenas a
morte de Strauss, mas também o assassinato dos demais membros do conselho,
aquilo transformou Ravel em um ditador com poderes totais, por mais que fosse
difícil admitir Simone concordava que nesse momento de crise ter apenas um
líder centralizando tudo era o melhor para conduzir as ações.
Mas isso não
apagará o passado, crimes foram cometidos, sangue foi derramado, independente
do que aconteça ela sente que esta será a última batalha da Vama Marga. Talvez
ela devesse começar a pensar nisso também.
Em meio ao
rigoroso inverno na Sibéria o sol raramente aparece, existem poucas horas por
dia de luz solar, Victor não se preocupava com o horário, apenas apreciava a
beleza do céu noturno, a escuridão realçava o brilho das estrelas, era uma
imagem bonita e que o acalmava.
Enquanto o gelo
cai do céu pintando todo o cenário com a pureza do branco, a presença daqueles
anjos torna claro o fim da paz. Victor os observa com atenção, não esboça
reação enquanto eles lentamente descem dos céus, há algo de imponente e
majestoso nisso.
Olhem
meus irmãos, vejam esta aberração que nos recebe. Que desgosto ver no que os
humanos transformaram este mundo. – disse Caliel
É
revoltante, eu mal cheguei e já consigo ouvir tanto gritos, veja como nossas
crianças sofrem, o trabalho de nossa vida sendo corrompido por essas
aberrações. – disse Melahel
Icelo,
o trapaceiro, estava correto, depois de ver isso pouco me importa que punição
receba por ter desobedecido Miguel, aceitarei a morte com sobranceria se antes
disso puder derramar o sangue desses bonecos defeituosos. – disse Sitael
Quando eles
começaram a atacar, pelas suas habilidades logo Victor entendeu o que aquele
discurso queria dizer. Aqueles eram Melahel, um anjo com aparência feminina,
sua pele era clara, tinha olhos azuis e sobrancelhas alongadas que a deixavam
com um ar reflexivo, tinha longos cabelos negros e ondulados; Caliel, um anjo
de cabelos escuros e encaracolados, tinha uma expressão bastante melancólica,
olhos castanhos bastante tristes; e o terceiro, Sitael, ele tinha pele escura,
olhos negros que intimidavam, uma espessa barba delineava seu rosto.
Estes anjos eram
os jardineiros do nosso mundo, enquanto Deus moldava o mundo, e fazia todos os
outros trabalhos da criação, ele incumbiu aqueles três de espalhar e sementes
pelo mundo, dando vida as plantas que existem no nosso mundo.
Era algo de que
se orgulhavam bastante, afinal era a missão que tinha recebido Dele, por isso
ficaram tão furiosos ao voltar ao nosso mundo e ver o que os homens tinham
feito as plantas.
Eles sentiram
falta de centenas delas, quantas espécies já haviam sido extintas, as imensas
florestas que cobriam todo nosso mundo reduzidas a um décimo do que
originalmente eram, não havia maldição e castigo suficientes para reparar este
crime, apenas a morte serviria para nós.
Tudo
que esta canalha tocou esta destruído, mataram vida para por no seu lugar
construções artificiais, incapazes de apreciar a beleza deste mundo o mudaram
para algo tão feio e disforme como eles são por dentro. – disse Caliel com
lágrimas nos olhos
Nesse momento os
anjos são interrompidos por Victor, ele tinha usado sua habilidade de controlar
o fogo, com ela começou a aumentar a temperatura daquele local, logo a neve parou de cair e o gelo começou a derreter, no fim ele atirou uma bola de fogo para queimar algumas arvores de uma floresta que estava próxima a eles.
Esse ato de
desprezo deixou os anjos completamente furiosos, antes eles tinham ignorado-o e
estavam mais absortos em entender o que havia acontecido com o mundo que eles
tinham deixado, com todas as plantas do grande jardim que eles fizeram para
Deus.
Nada daquilo
importava a Victor, ele estava sedento por morte desde que tinha confirmado com
Simone a morte de Strauss, o corpo dele começava a esquentar derretendo o gelo
que estava ao redor dele.
Talvez outros
tivessem cometido o erro de subestimar aqueles anjos por estar em um lugar tão
frio e se dominassem técnicas com fogo, mas a fúria de Victor o fez lutar de
modo sério desde o principio, isso o salvou do primeiro ataque.
Antes que ele se
desse conta, plantas brotavam do solo segurando suas pernas, não apenas isso,
eram cipós cobertos por espinhos, a medida que se prendiam e apertavam rasgavam
os músculos da coxa dele. Numa grande sinergia, como se fossem apenas um, os
três anjos se concentravam e rezavam, convocando as plantas e assumindo
controle sobre elas.
Victor aumentou
a temperatura ao seu redor ate queimar aquelas plantas, conseguindo assim se
libertar. Ele avança contra os anjos, mas é detido pelo mesmo ataque, por todo
o solo brotam plantas com espinhos, elas causam vários ferimentos nele.
Novamente a
fúria dele explode em chamas, queimando tudo ao redor, dessa vez ele aumenta
ainda mais a temperatura, as chamas atingem ate mesmo o solo, matando todos os
nutrientes e tornando-o estéril.
Você
humano, é o símbolo do que seu mundo é, algo feio, quebrado, que incapaz de
suportar a beleza das coisas simplesmente as destrói. Cada uma dessas plantas
que você matou, a vida delas vale tanto quanto a de um animal, são um ser vivo
também. – disse Melahel
E
daí? Eu nunca pretendi ser um herói, não é o que sou. Eu sou anti-vida, sou uma
aberração, se não fossem vocês a vir pela minha vida provavelmente os
verdadeiros heróis estariam aqui agora atrás dela. Eu apenas queimo, mato tudo
que se aproxima de mim. – disse Victor
A insanidade
daquele humano os chocava, mais do que seu corpo agora eles viam que as chamas
tinham danificado permanentemente a alma dele também.
Humano,
deixe-me te ensinar então uma lição. A vida sempre prevalece, a vida sempre
encontra um jeito de prevalecer sobre a morte. – disse Sitael
Quando Victor
percebe é tarde demais, junto com os flocos de neve que caiam, também começava
a cair do céu vários dentes-de-leão, traziam as sementes das plantas que ele
havia queimado. Mas agora não se dirigiam ao solo.
As sementes
caiam sobre ele penetrando em sua pele e germinando a partir do sangue dele,
como sanguessugas aquelas plantas cresciam rapidamente sugando o sangue e a
vida de Victor. Ele as incinera o mais rápido que consegue, mas mesmo assim
tinha ficado bastante debilitado.
Ele não vê mais
nada, apenas uma grande raiva o conduz, ele cria um enorme tsunami de fogo e o
atira contra os anjos. Mas uma grande arvore brota do solo e serve como um
escudo para eles, protegendo-os do ataque.
Em seu ataque
impensado Victor não pensou que se eles controlavam todas as espécies de
plantas, também controlariam os pirófitos, as que são extremamente resistentes
ao fogo pelo conteúdo úmido de sua casca. No fim a arvore é queimada, mas
dispersa tanto a força das chamas que o golpe chega muito fraco aos anjos, não
causando danos.
O guardião é
bastante tenaz e não desiste tão facilmente, ele se prepara para uma segunda
onda de ataques, mas não consegue prosseguir. Sua visão começa a ficar turva, seu
corpo não responde ao que ele quer, uma grande sensação de queimação na
garganta, logo ele começa a vomitar sangue.
Durante toda a
luta aos poucos Victor foi sendo envenenado a medida que sofria cortes das
plantas, agora ele começava a sentir os efeitos, seu corpo mal conseguia se
manter de pé, ele começava a ter alucinações.
Se arrastando
pelo solo, incapaz de desistir ele concentra toda sua energia e tenta novamente
atacar usando suas chamas, contudo, o fogo fica ainda mais fraco, uma leve
brisa e ele logo se apaga.
Victor olha para
os anjos e entende o que aconteceu, enquanto Melahel como uma beladona
(cereja-do-diabo), uma das plantas que o tinha envenenado, ele vê cada vez mais
ao redor daqueles anjos surgirem plantas, sobrepujando a neve um grande tapete
de flores começa a ser formado.
Todas aquelas
arvores e vegetais que foram invocados e o fato de estarem lutando a noite,
essa combinação era fatal para Victor, a noite as plantas absorvem oxigênio e
expelem gás carbônico.
Roubando todo o
oxigênio do ambiente eles impediam a combustão, por mais que Victor conseguisse
produzir suas chamas elas não tinham força para se propagar. Desde o inicio ele
não tinha chance de vencer, quando a luta começou essa estratégia já havia sido
tomada pelos anjos, o tempo todo ele apenas foi feito de tolo.
Ao mesmo tempo
em que Victor para de se arrastar pelo solo seu corpo logo começa a ser envolto
por dezenas de galhos com espinhos que voltavam a se alimentar do sangue dele,
fazendo-o perder a consciência.
Enquanto
desfalecia Victor pensava que finalmente tinha sido abandonado por tudo, ate
mesmo o fogo e suas chamas o tinham deixado, ele morreria sozinho no frio e na
escuridão.
Capitulo bem intenso, estes 3 anjos novos se revelaram muito poderosos e Victor, um dos guardiões não pode fazer nada para os derrotar, espero que ele não tenha morrido, foi um personagem que eu gostei de ver apresentado e gostaria de ver mais dele, anyway, continue =P
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