Simone conduzia
a Vama Marga, todos os psíquicos estavam trabalhando em inibidores para fazer
as pessoas não acreditarem naquilo ou esqueceram o que viram logo em seguida,
pânico generalizado e as perguntas que uma invasão de anjos causaria não era
algo para se lidar durante a guerra.
Do mesmo modo
várias organizações e países que tinham acordos com a Vama Marga ajudavam como
podiam, isolando determinadas áreas e tentando manter os civis afastados.
Não existia mais
a barreira que protegia nosso mundo dos seres divinos, mas Simone tinha uma
ideia de como replicá-la, juntando todos aqueles fracos demais para lutar
diretamente, eles usavam suas almas para tentar criar um novo muro de proteção,
de modo a pelo menos limitar ou atrasar o numero de invasores, ao mesmo tempo,
falhas estratégicas eram deixadas. Pontos onde a energia espiritual era menos
intensa e os anjos poderiam atravessar mais facilmente.
Nesses locais
eles eram aguardados por membros da Vama Marga prontos para combatê-los. Embora
fosse bem obvio que era uma armadilha, os anjos não se intimidavam, ainda mais
agora que com a queda da barreira originalmente criada por Deus, também não
havia mais a limitação de dez por cento na força que poderiam usar.
Havia ainda mais
uma coisa preocupando Simone, Victor. Ela como muitos não confiava naquele
homem, ele era a besta que apenas Strauss havia domado, entretanto, devido a
sua posição como um dos quatro era impossível ignorá-lo em um momento como
este.
Em algum lugar
da Sibéria, sozinho havia um homem de pé usando grandes fones de ouvido, ele
usava poucas roupas, apenas uma calça velha, deixando seu torso desnudo, era um
homem negro, seu corpo era bastante forte e muscusolo, tinha olhos negros que
pareciam odiar a tudo que via, seu corpo era coberto por queimaduras e coberto
por uma espécie de cinzas.
Ele parecia
acostumado aquele intenso frio, ele não demonstrava qualquer dificuldade em
suportar a rigidez do clima, ele era a tartaruga negra, Victor, um dos quatro
guardiões da Vama Marga.
Victor, que
antes possuía outro nome, havia nascido em uma pequena e isolada aldeia
escondida no Seringeti, mas desde o inicio sua vida foi marcada pela
tragédia. Ele nasceu junto de um irmão gêmeo, e na aldeia onde ele vivia
existia uma crença antiga sobre gêmeos, eles acreditavam que nascemos únicos,
contendo dentro de nós um pouco de bem e um pouco de mal.
Mas quando
nasciam gêmeos eles acreditavam que os deuses haviam separado o bem do mal, uma
das crianças seria a encarnação do bem, devia ser bem cuidado e idolatrado
porque no futuro se tornaria um grande santo e guiaria a tribo para uma era
gloriosa. Entretanto o outro, ele seria a pura encarnação do mal, devia ser
morto enquanto era um recém nascido, porque caso vivesse se tornaria um monstro
e destruiria toda a tribo.
Eles então
deixavam as crianças em uma grande altar de pedra, e em volta dele era feita
uma fogueira, eles acreditavam que as chamas revelariam a verdade, purificariam
o mal, os bebes permaneciam naquele local ate que um deles morresse pelo
excesso de calor.
Esta foi a
historia contada a Victor quando ele completou quinze anos e iria começar a ser
iniciado pelos sacerdotes como futuro shaman e líder espiritual. Quando esta
historia lhe foi contada, ele riu por um longo tempo.
Entendo,
finalmente sei o que havia de errado comigo, por tanto tempo lutei contra isso,
tentando negar o que era, mas finalmente descobri que realmente devia ser
assim, eu nasci para isso. Obrigado. – disse Victor
Do
que esta falando venerável criança? – questionou o mais velho dos sacerdotes
–
Que vocês mataram a criança errada.
Foi nesse
momento quando todo o potencial oculto da alma dele despertou, ele se revelou
como um poderosíssimo Bem-Aventurado, com uma habilidade de criar chamas,
transformar todo ódio e fúria que sempre sentiu crescer dentro dele em fogo.
Naquela noite
toda a tribo foi cruelmente chacinada, mulheres, crianças, velhos, ate mesmo
pessoas que nada tiveram a ver com a morte de seu irmão, todos sem exceção
foram mortos, no fim restaram apenas a mãe e o pai dele, que ele deixou vivos
para que pudessem assistir a tudo que ele fazia.
Ele queria que
eles soubessem que tudo aquilo era por culpa deles, que eles haviam derramado
sangue inocente, e que esse assassinato finalmente estava sendo vingado hoje.
No fim Victor abraçou seus pais e o seu toque fez eles queimarem, ele os
segurou ate o fim, mesmo com eles arranhando e gritando, mesmo com a pele se
soltando dos corpos, ate o último fôlego, e depois ate os ossos serem reduzidos
a pó. Aquelas cinzas aderiram ao seu corpo pra sempre.
Após essa
explosão de fúria, ele decidiu abandonar aquele lugar para sempre, deixando
tudo para trás ele desistiu ate de seu nome, alegando que aquele nome era de
seu irmão, não dele, ele era um fantasma que tinha sobrevivido, algo que sequer
tinha nome, um monstro que tinha que vagar pelo mundo causando dor e
destruição.
Depois de quatro
dias de caminhada ele encontrou outra aldeia, quando se preparava para atacá-la
foi detido, fortes luzes eram atiradas contra o seu rosto, ele se viu cercado
por carros e um helicóptero, ele não conhecia aquela tecnologia, imaginou que
seriam demônios querendo o tragar para o inferno onde era seu verdadeiro lugar,
mas ele resistiria, entretanto, suas habilidades com as chamas o abandonaram,
ele não conseguiu repetir o que tinha feito a sua tribo, sendo então nocauteado
com tranquilizantes.
Durante os dias
que se seguiram ele apenas sabia que estava sendo levado para longe, quando
acordava tinha poucos momentos de lucidez antes de ser novamente dopado e
desmaiar.
Por fim, ele
acordou em uma prisão feita de vidro transparente, ela era especialmente
reforçada para resistir ao calor, a sua frente um velho o encarava, era
Strauss. Usando uma ligação telepática eles conversaram mesmo que um não
compreendesse o idioma do outro.
Strauss o
explicou o que ele era, falou sobre os Bem-Aventurados, aqueles que carregam
dentro de si partes especiais do todo divino, almas com habilidades divinas, e,
seguida ele falou sobre a guerra entre a humanidade e os anjos que querem
retomar a posse de nossas almas, disse o que era a Vama Marga e o que ela
fazia, por fim, o fez um convite, perguntou se ele queria se tornar parte
daquilo.
Você
me pede para lutar pelas pessoas? Realmente é um tolo se acha que farei isso,
eu desprezo a humanidade, se eu sair daqui minha única vontade será de matar
tantos quantos eu puder, ate que surja um mais forte que me mate e encerre
tudo. – disse Victor
E
é por isso que o escolhi, é claro que também um potencial muito grande em você,
mas existe outro fator, eu acredito que a valha a pena lutar pela humanidade,
que ainda existem mais coisas boas do que ruins neste mundo, mas talvez nem
sempre seja assim, talvez um dia isso deixe de ser verdade e quem sabe as
profecias estejam certas, os anjos venham como a justiça divina quando nossos
pecados finalmente nos alcançarem. Quando esse dia chegar, em que não valha
mais a pena lutar pela humanidade, então também é nosso dever aceitar o fim. –
disse Strauss
Nesse momento
ele abre a cela onde Victor estava, enfurecido ele ataca Strauss, que o derrota
com um único golpe, durante os meses seguintes todos os dias aquela sequência
se repete, eles se enfrentam e Victor é derrotado.
Mas nesse meio
tempo o líder da Vama Marga começa a ensiná-lo outros idiomas para que pudesse
se comunicar melhor, ele lê alguns livros para ele, o que ele mais gostou foi
Les Misérables, ao notar isto Strauss usa o nome do escritor para batizá-lo,
embora contrariado ele aceita o nome.
Aos poucos a
confiança entre eles aumenta, Victor fica encantado quando é apresentado a
música, as obras de Rachmaninoff e Prokofiev tocam profundamente sua alma.
Strauss diz que
Victor já é o quarto mais poderoso membro da Vama Marga, mas cada vez é mais difícil
mantê-lo lá, a medida que a força dele aumenta também cresce o temor dos outros
membros, imaginando que logo Victor será um monstro tão poderoso que não possa
mais ser vencido.
Diga-me
Victor, por que permanece preso? – questiona Strauss
Por
que vocês me prenderam aqui é obvio, que pergunta mais tola. – responde Victor
–
Você sabe que não foi isso que eu quis dizer, a sua força já á mais do que
suficiente para destruir esta prisão e escapar, entretanto, você não o faz.
–
Eu sou um monstro, eu vejo a forma como os outros olham para mim, um misto de
pena e nojo, a maioria pensa que eu devia ser abatido, acredito que eles
estejam certos, algo como eu devia morrer, mas é divertido lutar contra você,
ouvir as musicas que você traz, ler aqueles livros.
–
Se tudo que você deseja é paz, então aceite meu convite, torne-se um membro da
Vama Marga, vou enviá-lo para um lugar onde possa ficar sozinho, prometo que
não será incomodado, sua única missão será responder no dia em que for convocado.
Após relutar um
pouco Victor aceita.
Ele foi enviado
a Sibéria, ficando isolado ele não atacaria as outras pessoas, apenas ficaria
lá guardando o dia em que fosse requisitado, anualmente Strauss o visitava,
levava algumas musicas e livros para ele. Eles sempre se enfrentavam e a cada
ano Victor ficava mais próximo de vencer. Não precisavam de palavras, o que
precisavam dizer um ao outro era feito através dos golpes que trocavam.
Ate que este ano
Strauss não apareceu, Victor sentiu quando a alma dele deixou esse mundo.
Eu
vou cumprir minha missão, vou enfrentar estes anjos, mas apenas porque foi
Strauss quem me incumbiu disso. Mas uma coisa, torça para que eu morra aqui,
porque se eu sobreviver vou atrás de todos vocês. Por enquanto vou apresentar
aos anjos o inferno dos homens. – disse Victor responde a Simone no comunicador
Finalmente três
anjos se apresentam diante dele.
Gostei do capitulo, conhecemos um dos 4 guardiões que viveu toda sua infancia no ódio, tendo crescido em uma povoação com leis imundas que custaram a vida do seu irmão, não posso dizer que tenha pena do destino dessas pessoas, eles mereceram, porque como Victor mais devem ter sofrido o mesmo destino. Gostei do personagem, parece ser bem forte e rancoroso, mas ao mesmo tempo sente-se sozinho e deslocado do resto do mundo. Pronta para o próximo ^^
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