Zangan tentava se erguer depois do
ataque sofrido, sua habilidade de corromper e invocar a entropia precisava que
ele tivesse proximidade com o adversário, o que Kokabiel não permitia. Usando
selos espalhados por todo seu templo ele controlava sua força espiritual a
distância. Ele apenas a emanava do seu corpo e os vários selos agiam como um
circuito a guia-los contra o alvo.
Diante de si Zangan tinha um dos anjos
mais poderosos, ele já sabia disso antes da luta começar, mas ver aquele poder
em ação diante dele era diferente, colocava as coisas em outra perspectiva, ele
precisava mudar de estratégia se quisesse ter uma chance.
Durante algum tempo ele continua a
sofrer os ataques de Kokabiel, defendendo-se como pode, mas acumulando cada vez
mais danos em seu corpo, aquela não era uma batalha em que ele venceria
desgastando o inimigo. A cada ataque a energia parecia ser maior do que no
anterior, a força do anjo guardião não diminuía. Naquele ambiente era como se
ele fosse um deus, ele podia atacar de todas as direções ao mesmo tempo.
Como contra-atacar isto? Como vencer um
adversário assim lutando neste ambiente controlado por ele? Era o que Zangan se
perguntava.
Ele tentava atacar, seus punhos
acertavam o chão ou as paredes quando Kokabiel esquivava-se dos ataques, o
poder venenoso contido nos ataque derretia os lugares atingidos, mas a cada
ataque falho ele era golpeado pelo raios de energia que fluíam através do solo
e do teto.
O anjo caído sentia para onde aquilo o
estava levando, a cada ataque seu corpo sofria mais, a dor, o cansaço, os
sentimentos conflitantes que surgem durante uma batalha e que não se consegue
controlar, era isso que Kokabiel queria, que a mente dele fraquejasse para que
ele pudesse entrar nela.
Imagine cada pequena decisão, cada
escolha que já fez na vida, ir para a direita ou ir para a esquerda, ficar em
casa ou sair, ir a igreja ou não, cada encontro com outras pessoas e como isso
te mudou, como você às vezes foi apresentado ao pior e outras vezes ao melhor
do que as pessoas podem oferecer.
Cada momento guardando um potencial
infinito, um numero ilimitado de futuros possíveis, mas o que acontece quando
se rouba uma vida? Você destrói várias coisas que poderiam acontecer, você
aniquila um potencial que nunca se realizará.
Dentro da sua mente Zangan via cada anjo
que ele tinha matado, e imagina o que aconteceria se não os tivesse matado, se
algum deles podia ter sido decisivo na guerra, se ela teria tomado um rumo
diferente, se as coisas hoje estariam melhores ou piores.
A filosofia pelo qual ele guiava a sua
vida era de que uma vida vale outra vida, que este era o equilíbrio do
universo, que quando interesses colidiam as pessoas entravam em conflito e no
fim tudo se limitava a que uma vida deveria ser tomada para que outra pudesse
seguir seu curso.
Pela primeira vez Zangan imaginou que
talvez estivesse errado, que tomar vidas era algo fácil, que o realmente difícil
era salvá-las. Destruir, matar, fazer o mal era mais fácil do que o contrário,
mas para o que anjos tinham sido criados com tanto poder se não para isso, para
fazer o difícil.
O anjo caído imaginava que aquilo era
parte do método de Kokabiel, fazer o adversário ser confrontado por seus
crimes, saber que aquele era o dia em que seus pecados finalmente o haviam
alcançado. Morrer sendo derrotado porque seu adversário era mais forte é algo
que um guerreiro esta pronto e pode aceitar, mas aquilo era diferente.
O anjo da justiça havia destruído todas
as convicções e crenças de Zangan, agora ele não sabia o motivo de ter lutado
ate hoje, estava destruído, ser derrotado neste momento seria muito doloroso,
seria encarar o fim sabendo que nunca encontrou seu verdadeiro propósito para
existir.
Talvez nunca tenha sido uma vida por
outra, mas sim uma vida ajudando outra, ele se lembra de quem era antes da
guerra, um anjo gentil que acreditava em entendimento e compreensão, que mudou
depois de tomar uma vida, que inventou uma desculpa para isso, para ser capaz
de viver consigo mesmo, e que precisava seguir matando, como se cada morte
seguinte fosse uma justificativa da primeira.
Zangan queria gritar, fazer perguntas a
Kokabiel, mas diante de si via o anjo que havia se mutilado para não mais ouvir
ou falar, não viriam respostas dele, o guarda real de Lúcifer teria que
encontrá-las por conta própria.
Mas aquilo ainda era uma batalha, as
forças destrutivas deles ainda colidiriam, Kokabiel começou a sentir-se tonto e
ter a visão embaçada. Quando ele percebeu o que aconteceu já era tarde.
Cada um dos vários ataques falhos de
Zangan não tinham sido aleatórios, cada golpe venenoso liberava uma espécie de
gás que pouco a pouco foi se dispersando pelo ar, Kokabiel havia sido derrotado
no primeiro ataque.
Gostaria
de poder curá-lo, de conversar com você, mas infelizmente meu poder apenas
envenena e destrói, não posso o salvar como fez comigo, mas prometo aliviar seu
sofrimento, vou matá-lo para que não sofra enquanto o veneno o percorre seu
corpo. – disse Zangan
– Tenho de agradecer pelas coisas que me fez
ver. Eu posso ter tomado sua vida Kokabiel, mas você me venceu, derrotou o
antigo Zangan, aquele nomeado de Peste por Lúcifer– Sei que não pode me ouvir,
mas talvez possa ler meus lábios, ou ver dentro da minha mente o que estou
dizendo. Você me relembrou quem eu costumava ser, e eu prometo que não vou
esquecer novamente.
–
Não estou mais aqui para lutar por lados, eu vou parar este conflito, chega de
derramamento de sangue, vamos extinguir a nós e a todo este mundo nessa maldita
guerra.
Nesse momento ele retira o capuz que
sempre cobriu seu rosto e revela uma expressão bondosa, um rosto pálido e
longos cabelos loiros caindo a frente dos ombros. O anjo da justiça o encara
enquanto se contorce de dor no chão sentindo o poderoso veneno tomar sua vida.
Mas antes que Zangan pudesse matar
Kokabiel um punho atravessa as suas costas, matando-o.
Eu
gostava mais de você quando era louco, agora você ficou chato. – disse Gremory
Uma risada malvada ecoa por todo o
templo, aquela voz irritante e aguda começa a gritar de prazer, era o Gremory,
o ardiloso e cruel anjo caído que havia ajudado Vassago em seus planos de
incriminar Lilith.
Sem remorsos ele elimina Zangan que
havia se convertido e estava prestes a tentar parar o conflito, não era o que
ele queria, Gremory queria assistir o céu queimar e sangue de anjos chover.
Com sua energia ele acende a tocha que
fica no final do templo e libera o caminho para o castelo de Miguel, em seguida
ele atira o corpo de Zangan nela para queimar. Durante algum tempo ele
permanece lá para chutar o corpo de Kokabiel e torturá-lo, partindo no final
sem matá-lo, já que sabia que ele sofreria mais se morresse pelo veneno.
Gremory parte saltitando e atirando esferas de energia contra o templo.
Em outro lugar, Ravel acorda. Ele ainda
esta desorientado, ele se lembra de ficar para trás enfrentando dezenas de
anjos para que seus companheiros avançassem, ele achava que aquele seria o seu
fim, e havia encontrado alguma paz nisso.
Ele olha para as coisas ao seu redor,
esta em um bonito templo, havia uma rica decoração, candelabros e muitas peças
de ouro, ele estava sentando e a sua frente uma mesa cheia de vários tipos de
comidas, e na outra ponta da mesa uma linda mulher.
Por duas vezes ele fechou os olhos e
tentou ver se estava mesmo acordado ou se era tudo apenas um sonho, aquela era
a mulher mais bonita que ele tinha visto em toda sua vida, seu rosto fino e
suave, os olhos verdes como esmeraldas, aqueles olhos tão sedutores como que a
prometer os prazeres do amor, os longos cabelos loiros dela. Ele podia ficar a
contemplando para sempre, mas foi interrompido quando ela começou a falar.
Olá
Ravel. Espero que esteja melhor, estava bem perto da morte quando mandei os
anjos o trazerem para cá. Ahh, é verdade que indelicadeza a minha, esqueci de
me apresentar. Eu sou Camael a anjo guardiã do templo da fortaleza. – disse a
bela anjo
Por
que estou aqui? Por que me salvou? Eu sou um prisioneiro de guerra? Se acha que
vai ter alguma vantagem por ter me capturado esta muito enganada, se pensa que
vai me fazer revelar algo me torturando eu digo para fazer o seu pior, porque
não vai conseguir. – bradava ferozmente Ravel socando a mesa ao final
Contudo, para sua surpresa Camael apenas
ria, agia como um adulto ao ver uma criança fazendo birra, tentando agir como
se fosse um adulto. Ravel ficava confuso e ao mesmo tempo furioso com aquilo.
Percebendo a reação dele a anjo tentou o acalmar.
Desculpe
se meu riso o deixou irritado, não estava zombando de você ou sua determinação,
na verdade o admiro ainda mais, você é bem mais interessante do que julguei que
fosse, fiz bem em trazê-lo para cá. – disse Camael
Não
sei que tipo de jogo acha que pode fazer comigo, mas não vai funcionar. Se
quiser me matar faça agora, porque se não eu juro que vou matá-la assim que
tiver uma chance. – diz Ravel encarando-o enquanto tenta alcançar sua espada,
mas nesse momento se da conta que não esta mais com ela
A espada esta nas mãos de Camael, que
acaricia a lâmina enquanto o fio da espada. Ela então passa a espada por seu
pescoço, mas ela é incapaz de ferir a pele dela.
Não
se preocupe, não tenho intenção de feri-lo. – diz Camael enquanto lhe devolve a
espada
–
Segure a minha mão, vou te mostrar um mundo ideal.
Um otimo capítulo como sempre, o combate entre Zangan e Kokabiel foi brutal, o anjo conseguiu que o demónio se convertesse, adorei aquela explicação sobre os momentos da vida sendo feitos por escolhas, que se matar uma pessoa, varios momentos nunca se irão realizar, ficou perfeito, Zangan decidiu acabar com a guerra mas Gremory com seu sadismo matou o seu companheiro, ele se mostrou alguém muito cruel. No final temos o encontro de Camael com Ravel e shippei os dois por causa desse final <3
ReplyDeleteInteressante que apesar de não conseguir falar ou ouvir, o Kokabiel conseguiu mostrar o Zagan o outro lado das coisas. Ah, se eu fosse o Zagan, teria tentado libras pra comunicar com o anjo XD Vai que, né... XD
ReplyDeleteQuando finalmente o Zagan entende seus propósitos e se redime, aparece o Gremory e estraga tudo! Que vontade de entrar na fic e esfolar a cara desse daí no asfalto >_>
E pra piorar, ainda deixa o pobre Kokabiel lá agonizando de dor com os venenos.
Agora é a vez de Ravel confrontar Camael. Será que ele vai conseguir seguir em frente com seus objetivos? Bom, isso aí só vou ver no próximo capítulo mesmo...
Esse capítulo foi muito bom, me deixou bem dividida XD Por um lado, fiquei feliz por Zagan conseguir se redimir... Mas por outro... Ah, Gremory... Espero que a morte desse seja estupidamente dolorosa e humilhante D: