Existem duas teorias filosóficas
chinesas que se contrapõem, a que fala sobre o bem fundamental, e a que fala
sobre o mal fundamental.
A que fala sobre o bem fundamental
acredita que todas as pessoas nascem boas e puras, que são corrompidas pelos
desejos que nascem nos seus corações, são eles que geram a cobiça, a inveja, a
luxuria, todos os sentimentos negativos. Então para permanecermos bons teríamos
que aprender a controlar nossos desejos, isto era basicamente em que Theliel
acreditava.
Por outro lado, a teoria do mal
fundamental acredita que todos nascemos maus por natureza, que desconhecemos o
bem, que na verdade apenas fazemos boas ações quando movidos por interesses.
Para esta teoria, o que nos torna bons são as outras pessoas, quando as
encontramos elas são capazes de despertar em nós sentimentos novos: amor,
amizade, piedade etc. É nisto que Sallos acreditará ao final de sua luta.
Sallos sente o golpe de Theliel o
atingir em cheio, mas o golpe não o mata, algo deteve o punho do anjo símbolo
da temperança, um crucifixo. O presente que Simone tinha dado para ele antes de
partir.
Foi então que ele começou a pensar que
mesmo agora não estava sozinho, conseguia imaginar Simone neste momento rezando
por ele, podia mesmo ouvir seus desejos para que ele retornasse em segurança e
vencesse, ele estava lutando não apenas por ele, mas também por ela.
Por ter ficado tempo demais na escuridão
ele achou que aquilo fosse a única coisa que poderia sentir, que aquele era o
lugar ao qual pertencia, mas não era verdade, a luz que ele enxergou nela,
aquilo que o tirou das trevas, que o fez sentir, aquilo nunca poderá ser
chamado de fraqueza.
Quando ele pensou em desistir ele viu
novamente aquela luz dentro da sua mente, foi então que entendeu que se ele não
podia mais usar as trevas em seu coração, que usasse a luz que estava
descobrindo. Ele não precisava mais ficar apenas nas trevas.
Do peito de Sallos começou a emergir uma
luz, era quente como raios de sol, iluminando todo o templo e fazendo Theliel
recuar.
O guardião daquele templo se mostrou
descontrolado, aquilo em que ele acreditava tinha sido desfeito, não era isso,
Sallos devia aceitar a escuridão dentro dele, nunca poderia ter essa luz. Mas
antes que ele pudesse falar sentiu um punho atingir seu estomago, sete ataques
seguidos fazendo seu corpo se curvar de dor.
Com seus olhos procurava Sallos, mas não
o via, era como se ele se dissolve-se naquela luz, era impossível olhar para
aquilo diretamente.
Maldito
seja Sallos! Acha que isto vai terminar assim? Que pode me vencer? Não seja
tolo enganando a si mesmo, esta energia não é sua, algo que não é seu pode ser
tomado de você, pode deixar de estar ao seu lado algum dia. Então você terá que
voltar a caminhar na escuridão. – gritava Theliel enquanto golpeava
aleatoriamente o espaço a sua volta
Eu
apenas deixei de ser egoísta achando que precisava lutar sozinho, que seria um
peso para os outros, entendi que existes sentimentos que ligam os corações. A
sua forma de ver o mundo é que esta errada, não é negando o que sentimos e
enterrando as emoções que se lida com elas. – falava calmamente Sallos
Sallos projeta sua luz como se fossem
raios, varias pequenas lanças atingindo o corpo de Theliel, ele se esquiva de
alguns, repele outros com sua energia espiritual mas no fim ainda é atingido
por dezenas deles, seu corpo é trespassado, e embora tenha evitado golpes nos
pontos vitais, começa a perder sangue.
O guardião daquele templo começa a
contra-atacar, sua habilidade era de reverter toda a percepção de espaço,
alterando o sentindo das direções e invertendo a ordem natural da disposição
das coisas.
Logo Sallos percebeu que atacava ao
contrario do que imaginava, aquilo não era algo fácil de acostumar por mais
habilidoso que fosse o guerreiro, ao lutar sua vida inteira de um determinado
não é fácil perder todas as pequenas manias e vícios assim de repente. Quando
tentava golpear para a esquerda o golpe saia na direção oposta, aproveitando-se
da situação Theliel disparou uma grande esfera de energia contra ele.
O ataque o fez ser jogado contra a
parede, abrindo uma pequena cratera, Sallos sentia seu corpo fraquejar, embora
estivesse começando a dominar sua nova habilidade, seu corpo tinha muitos
ferimentos acumulados do inicio da batalha, era preciso terminar com aquilo o
mais breve possível.
Theliel voltava a se sentir confiante,
sabia que ninguém se adaptaria àquilo tão rápido, ele só precisava matar Sallos
o quanto antes. Foi quando ele sentiu um calafrio por seu corpo, era o mesmo
que Vassago o tinha feito experimentar, aquilo era medo, seus instintos o
dizendo para fugir, para fazer algo para preservar sua vida. Nesse momento ele
sorriu.
Se ele estava querendo se agarrar tanto
a vida, era um sinal de que deveria morrer, seu medo o paralisava, ele olhava
para Sallos e para a luz que seu corpo emitia e sabia que aquele seria o seu
fim. Imaginava se todos que matou tiveram aquele tipo de pensamento antes do
final, medo, arrependimentos, duvidas, remorso.
Mas de alguma forma aquilo parecia
injusto, por todas as vidas que ceifou, ele deveria terminar de uma maneira
pior, ser morto por Sallos daquela forma não parecia uma morte tão ruim no fim.
Embora não pudesse controlar seus
ataques pelo efeito da habilidade de Theliel, Sallos ainda podia vencer, uma
vez que a luz esta em todos os lugares e vem de todas as direções, como a
explosão de uma estrela ele iluminou todo o templo com a luz que irradiava do
seu peito. Um ataque de todas as direções, impossível de se desviar e que
ignorava os efeitos da técnica de Theliel. Centenas de raios de luz
atravessando todo o corpo dele, ate finalmente o reduzir a nada, a batalha
estava terminada.
Sallos se encostou a uma das colunas do
templo e respirou profundamente, precisava descansar um pouco, mas também sabia
que aquele era apenas o primeiro de sete templos, ele não podia abandonar os
outros ainda, mesmo ferido e cansado ele sentia que aquela luta o tinha feito
evoluir a um novo nível.
De certo modo ele sentia alguma pena de
Theliel, a obrigação de manter a temperança, de sempre controlar seus instintos
e, além disso, lidar e julgar com os desejos dos outros ao longo de tantas eras
foi demais para a sua sanidade, mesmo no final havia algo de anjo nele,
tentando ajudar a ele e Vassago a encontrarem a verdade dentro deles mesmos. Aquilo
que nos define, o que ninguém pode nos tomar.
Aquilo podia tê-los matado, mas no fim
foi uma jornada que os levou a um novo nível, era preocupante imaginar Vassago
ainda mais forte do que antes e decidido a matar Nathaniel, definitivamente ele
não podia mais perder tempo naquele lugar, então mesmo mancando um pouco ele
seguiu em direção ao próximo templo.
Em outro dos templos um anjo vestindo
negro se aproxima, sua vestimenta é parecida com couro, contendo spikes, era
uma armadura de batalha, possuía longos cabelos negros, eles estavam amarrados
no topo da cabeça, formando uma espécie de corte moicano, aquele era Dantalion
que chegava ate o templo da Esperança.
Este templo era guardado por Ramiel, um
anjo de aparência cortês e amigável, tinha o rosto um pouco pálido, o que
realçava seus olhos azuis e profundos, seus cabelos eram negros e curtos,
penteados para trás de modo sóbrio.
Dantalion era assim como Vassago um dos
membros da guarda real de Lúcifer, era um dos cavaleiros do apocalipse. Ele
representava a Fome.
Bem
vindo a minha morado Dantalion. Devo supor que esta junto dos outros nesta
invasão e no que imagino ser a guerra final por todas as almas. – disse Ramiel
calmamente
O templo da esperança era um lugar muito
bonito, havia uma bonita tapeçaria pelo chão, um constante cheiro de incenso queimando,
atrás do templo havia um grande jardim, o cheiro das flores se misturava ao
incenso trazendo uma grande sensação de paz e harmonia.
Eu
não vim para lutar com você Ramiel, ao contrário, vim para me aliar a Miguel. –
disse Dantalion
Suas
palavras são inquietantes, por mais que me deem certa alegria preciso perguntar
o que o motivou a isto. Por que abandonar sua lealdade de tanto tempo para com
Lúcifer. – questionou Ramiel
Ramiel esta sentando bebendo chá e
oferece uma cadeira e chá para Dantalion, este recusa e continua com seu
discurso.
Quando
Deus se sacrificou pela humanidade todos ficamos furiosos, ressentidos,
assustados, estávamos sem direção, Miguel e Lúcifer nos lideraram durante a
crise. Agimos como crianças assustadas que apenas queriam o pai de volta. Eu
segui Lúcifer, e ate o dia da sua morte o seguiria. – disse Dantalion
–
Mas no fim fomos de novo as crianças abandonadas, ele nos trocou por aquela
maldita aberração. Maldita Kali, aquela desgraçada acha que pode nos governar,
que pode ocupar o trono de Lúcifer. Eu nunca aceitarei isto!
–
Lúcifer nos abandonou no fim, exatamente como Deus fez, eu não sigo mais a
nenhum deles. Vim oferecer minha lealdade a Miguel.
Dantalion ficou de joelhos e se curvou
diante de Ramiel.
O anjo guardião da esperança terminou
sua xícara de chá, ele levou a mão ao queixo de modo pensativo enquanto
encarava Dantalion.
Eu
acredito em mudança, em arrependimento, em se perceber que errou e tentar
consertar as coisas. Mas palavras se perdem ao vento depois de serem ditas, se
quer provar seu valor precisa fazer algo que o torne digno da minha confiança.
– disse Ramiel
Eu
farei qualquer coisa que me pedir. – responde Dantalion
–
Inclusive oferecer a cabeça de sua nova senhora?
–
Sim.
Outro bom capítulo mantendo uma boa serie deles, o combate entre Sallos e Theliel foi bem duro e no final terminou por causa de Simone <3 tinha de ser ela a salvar o dia <3 gostei muito da personalidade do Theliel, foi um bom personagem, agora este Dantalion (nome de Pokémon) que está disposto a trair a sua líder por não acreditar que ela seja capaz de os governar e acha-a uma aberração, será que é um truque? A ver vamos, entretanto 95 capítulos, mais uma marca importante, parabéns por ter conseguido chegar até aqui ^^
ReplyDeleteQue bom que Sallos finalmente conseguiu ver que aquilo não era fraqueza dele, e sim uma grande força que ele tinha dentro de si. Tive um pouco de pena do Theliel no final das contas... E sim, concordo que se Vassago saiu de lá ainda mais forte, a coisa pode complicar um pouco para Nathaniel.
ReplyDeletePelo o que descreveu, Dantalion parece ser bem estiloso. Mas confesso que achei bem estranho ele ir direto ao assunto, dizendo que queria se aliar ao Miguel. Por um lado, ele realmente pode ter raiva da Kali por tudo o que aconteceu lá no inferno, mas por outro... Talvez já seja algo que eles mesmos combinaram entre si, para que um deles se infiltrasse nas "tropas angelicais" de Miguel e articulasse um plano li mesmo a favor da nova soberana dele... Bom, são apenas hipóteses XD
Gostei bastante desse capítulo. Sallos tem me surpreendido muito, e o crescimento do personagem é incrível. Estou curiosa agora quanto ao Dantalion, já que não havia sido revelada muita sobre ele ^^
Estarei aguardando pelo próximo capítulo! XD