Tuesday 5 August 2014

Capítulo 65 - Irmãos de sangue




Acho que o certo seria eu esperar você apanhar um pouco para fazer isso, daria mais emoção, certa dramaticidade a historia, mas infelizmente no estado atual Asmodeus o mataria com um único ataque, e bem, isso estragaria a diversão. – disse Icelo

Quando Icelo apareceu após ser chamado por Mark, ele e Dante encontraram-se pela primeira vez. No meio das várias provocações para irritá-lo Dante foi obrigado a admitir uma coisa, que ele havia se tornado fraco, que não estava no nível necessário para enfrentar o que viria pela frente.

Então Icelo ofereceu-lhe um acordo, obviamente a opção natural seria Dante recusar sem sequer ouvi-lo, afinal foi por fazer um pacto com um demônio que traiu seu mestre e seu pai, e acabou sendo levado para o inferno. 

Mas justamente por isso, Dante sentia-se em dívida com eles, e mais do que isso, todos aqueles anos de dor o sofrimento haviam acumulado muito ódio dentro dele, mesmo que depois fosse novamente condenado ao inferno que fosse ser ainda mais torturado e castigado ele precisava aceitar o acordo, queria poder para realizar seus intentos.

O acordo que Icelo ofereceu parecia bom, o que apenas aumentou as suspeitas de Dante sobre ele. O anjo prometeu ajudá-lo, dando-o a força necessária para lutar, e em troca pedia apenas que ele o ajudasse com algo quando fossem para o inferno.

Antes que ele pudesse pensar mais a respeito, que Zachary falasse com ele para impedi-lo, Dante já estava a apertar a mão de Icelo selando o acordo, e seu próprio destino.

Não se preocupe Asmodeus, só vai demorar um minuto, prometo que vai valer a pena, sei que se entedia rápido destruindo esses humanos idiotas, mas este aqui é o meu campeão, aposto que ele pode entretê-lo por alguns minutos. – disse Icelo
Então quer que eu fique parado e assista você fortalecer esse humano o suficiente para ele conseguir me matar? – perguntou Asmodeus
– Bem, basicamente é isso.
– Você sempre foi o mais engraçado, mas não posso aceitar este acordo. Eu poderia apenas matar esse humano em cinco segundos e em seguida me divertir enfrentando-te.
– Não precisamos ir tão longe, que tal um acordo, ou melhor, uma aposta. Se você me der este tempo e conseguir vencer o humano, eu entrego para você o “Último presente de Deus”.

Asmodeus sorriu maliciosamente e aceitou o acordo, sentando-se e esperando pacientemente.

Dante tentou desfazer o trato e intervir, mas Icelo não permitiu, disse que ele devia encarar isso como motivação extra para a luta, que se perdesse estaria condenando toda a humanidade.

Sem permitir que Dante argumentasse o anjo caído começou os preparativos para o que ia fazer. Estendeu ambas as mãos e fez surgir um braço, imediatamente Asmodeus se levantou e parecia pronto para atacar, mas Icelo fez uma expressão séria, mostrando que agora estava sério, fazendo-o recuar.

Eu chamo isso de justiça poética, este é o braço de Belial, um dos mais altos comandantes do inferno, que foi vencido no mundo dos humanos por só poder lutar com dez por cento da sua força. – disse Icelo
– Foi ele quem você matou Dante, e que lhe custou seu braço.
– Admito que tive alguma dificuldade em conseguir isso, mas não pude resistir, um campo de batalha é como um cofre cheio, atrai muitos ladrões, tive de brigar por este espólio, então faça bom uso dele.

Icelo iria implantar o braço daquele anjo em Dante, isso o transformaria em um monstro, uma aberração, mas ao mesmo tempo o daria força o suficiente para resistir aos ataques de Asmodeus.

Embora todo este poder não viesse de graça, era algo totalmente antinatural, que forçaria o corpo e a alma de Dante ao limite extremo, podendo matá-lo apenas de exaustão, e aquele braço artificial ainda começaria a apodrecer com o tempo, corroendo também o corpo do usuário que tentasse ficar com ele por muito tempo.

A dor era excruciante, conseguia ser maior do que a que ele sentiu quando teve o braço amputado, ele sentia que com isso perderia ainda mais da sua humanidade, mas a esta altura isto não o interessava mais.
Após ter o braço implantado Dante o testou, dando um golpe na parede do coliseu onde estavam, que a despedaçou por completo e provocou grandes rachaduras por toda a extensão da parede.

Dante e Asmodeus caminharam então ate o centro da arena, se aproximando cada vez mais ate que começaram a correr para colidir seus ataques, então com uma grande explosão que fez com que as paredes tremessem, os punhos deles se chocaram. Ambos recuaram sendo lançados para trás pela força do impacto, Asmodeus alguns passos e Dante vários metros.

Eles lutavam de modo parecido, extremamente impetuosos, não preocupavam-se com defesa, atacavam um ao outro com tudo que tinham, cravaram os pés no chão e começaram a trocar socos, cada golpe de Asmodeus atirava para trás a cabeça de Dante que quase era arrancada do corpo, ao mesmo tempo que o fazia vomitar sangue. Alguns dos ataques do humano também eram efetivos fazendo o anjo cuspir sangue.

O sangue caia no solo e se misturava, eles estavam tão concentrados na luta que não notaram Icelo recitando palavras em uma língua antiga, o sangue no chão começava a se mover formada uma figura como o Labirinto de Chartres, era algo chamado Fratres Sanguinis. Um ritual antigo usado em ordens religiosas como forma de treinamento e compreensão.

Com ele, juntando-se o sangue de duas pessoas fazia-se com que elas partilhassem dos mesmos sentimentos, especificamente a dor. Desse modo o dano que cada um deles causasse ao outro, também teria de suportar, além de uma luta de força bruta, acabava de se tornar também em uma luta de resistência, um confronto que seria vencido por aquele capaz de suportar mais dor.

Quando Icelo terminou o ritual ambos cessaram os ataques, Dante gritava e Asmodeus cerrava os dentes para aguentar. Agora a batalha tinha tomado um rumo diferente, cada golpe dado no adversário também seria sentido por quem o deu. 

Por um momento Asmodeus encarou Icelo de modo sério, parecia que ia atacá-lo, mas em seguida começou a rir, ele estava excitado com aquela batalha, há muito tempo não enfrentava alguém que fizesse seu sangue ferver, não apostava a vida durante uma luta.

Dante mostrou coragem avançando contra o anjo, este defendeu-se dando um grande soco no solo, que ergueu uma barreira de terra que serviu como escudo. Dante a destruiu com um ataque, mas Asmodeus já não estava lá, tinha aproveitado essa abertura e se movido para trás dele, acertando com um chute no estômago.

Este ataque teria atirado Dante longe, mas ele segurou-se na perna de Asmodeus, aproveitando para contra-atacar com um soco.

Era uma luta onde não se conseguia esconder o dano, a cada ataque quem o desferia conseguia saber exatamente como o adversário o havia sentido.

Icelo assistia a tudo aquilo confortavelmente sentado, parecia estar se divertindo muito com aquele espetáculo.

Eles respiravam por alguns segundos e logo voltavam ao ataque, Asmodeus concentrava sua energia espiritual fazendo com que seus músculos crescessem, era possível ver que a força dele havia aumentado muito.

Contudo, estava mais lento com isso, Dante conseguiu acertar dezenas de golpes, mas quando ele deu um soco, pela primeira vez o humano recuou, sentiu um calafrio, apenas a pressão do ar provocada pelo golpe destruiu uma parede.

Nesse momento alguns dos condenados começaram a surgir, a parte destruída do coliseu ia em direção as celas, centenas deles adentraram a arena, estavam sedentos de sangue, queriam a cabeça do homem que tantas vezes os torturou. Em conjunto atacaram Asmodeus.

Irritado por ter sua luta interrompida ele os atacava com ferocidade, cada golpe derrubava dezenas de uma vez, eles começavam a recuar, mas Asmodeus queria deixar claro que não iria mais permitir ser interrompido. Abriu todas as celas soltando todos os condenados, era um desafio, se quisessem vir todos agora para atacá-lo ele não os temia.

Todos permaneceram em suas celas e os que o tinham atacado arrastavam-se volta para as suas, ainda carregando alguns que tiveram o corpo destruído pelo ataque de Asmodeus.    

Dante estava ofegante, sentia-se extremamente cansado, o braço parecia ser bastante pesado, além de machucá-lo, era como se houvesse um punhal sendo cravado nele. Nos instantes em que parava para descansar sentia todo o corpo. Pensando em tudo que tinha feito ate aquele momento teve forças para não fraquejar novamente.

Tentando aproveitar a vantagem da velocidade ele começou a correr em direção a Asmodeus, fazendo súbitas mudanças de direção a fim de confundi-lo, avançando sobre ele e o fingindo tentar um soco, quando na verdade o objetivo era golpear a perna fazendo com que o anjo se curvasse.

No momento em que ele se desequilibrou Dante surge nas costas do anjo acertando-o com um soco o rosto que o lança para cima, em seguida ele salta para o interceptar no ar e começar a desferir uma chuva incessante de golpes fazendo Asmodeus cair violentamente contra o solo. Mesmo assim os ataques não cessavam, fazendo o anjo afundar cada vez no solo, criando uma grande cratera.  

Ate que Dante parou e saltou para fora da cratera, chorava sangue, algo que só acontece quando o corpo esta em um estado extremo de estresse e sofrimento, aquele era o efeito da dor que ele experimentava após ter efetuado tantos ataques no anjo, mas este tipo de coisa ele conseguia aguentar, o que o fez recuar foi outra coisa.

Asmodeus saia da cratera sem aparentar grandes danos, embora estivesse visivelmente abalado. 

Eu o respeito humano, não sei como consegue ainda estar de pé com todo esse dano, a sua dor que estou a sentir agora faz com que eu tenha que me concentrar ao máximo para não desmaiar. Qual o seu nome? – perguntou Asmodeus


Dante então rasga o resto da camisa que estava a usar e já estava bastante avariada pela luta, revelando que o braço de anjo que usava começava a enegrecer o seu ombro, o corpo dele já não estava a aguentar.     

2 comments:

  1. Wow, a melhor luta de toda a história até agora, a descrição, os golpes, a emoção, tudo estava presente, otimo... não, exelente capítulo, conseguiu captar mina atenção do começo da luta até ao fim do capítulo, quero mais, quero mais xD sério, este combate ficou perfeito, me deixou salivando pela continuação, sem dúvida nenhuma a melhor luta que eu já vi você escrever, parabéns, fantástico, brutal, não tenho mais elogios, não tenho palavras para descrever, por isso fica o WOW...

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  2. Caramba, e eu achava que a lutas de Strauss contra Ravel, e Strauss contra Christian tinha sido as mais intensas da fic... Essa com certeza ganhou delas! Ficou incrível!
    Para ser sincera, eu não estava botando muita fé em Dante, não por ele não ter mais um braço, mas pelo excesso de emoções negativas que ele tinha e pelo fato de ter caído justamente no local onde foi torturado durante anos. Esse acordo de Icelo com ele veio a me surpreender... Por um momento, pensei que ele daria seu próprio poder ao Dante, e não o braço de outro poderoso demônio. Gostei bastante disso!
    Agora... Resta saber o que Icelo quer em troca desse "power up". Bom, uma das coisas deu para ver que era para entretenimento próprio (especialmente quando ele fez aquele ritual), já que ficou assistindo tudo de camarote XD Mas com certeza o preço será alto...
    O próprio Asmodeus reconheceu o poder (e determinação) de Dante no fim das contas, mas parece que ele já está em seu limite... Já estou ansiosa pelo próximo capítulo! Estou gostando da forma que consegue passar bem as cenas de ação, dá para imaginar tudo direitinho, inclusive sentir a tensão.
    E sobre o que disse na resposta ao meu comentário do capítulo anterior... É uma honra para mim estar acompanhando essa fic, porque sinceramente, é a que eu mais gosto aqui do Anime Spirit. É raro achar fics que puxam mais pelos lados ideológicos e psicológicos, e por isso eu valorizo muito. Só acho que sua fic não recebe o reconhecimento que merecia, mas creio que isso seja falta de divulgação, porque ela tem um conteúdo muito bom!

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