Capítulo 55 - Flores mortas

Alguns anos se passaram desde que Christian havia enfrentando Strauss e Sarah havia se juntado a ele. Eles finalmente decidiram se casar e tentar ter uma vida um pouco mais tranquila, afastada de todo aquele caos.

Mas quando Sarah engravidou tudo isso mudou, no paraíso, no inferno e no mundo dos homens se pôde sentir algo de diferente, talvez fosse chegada a hora, o próximo Kroos seria aquele que guiaria a humanidade na batalha final, que decidiria o destino de toda a criação.

Apesar de tentar tudo o que conhecia, todos os feitiços de contenção e proteção, toda a magia para poder camuflar sua presença, Christian não conseguia esconder a presença da criança que acabara de nascer. Sua única solução foi pedir ajuda àquele em quem ele mais confiava, Zachary.

O horizonte estava coberto de ambos os lados, como se fossem duas nuvens negras de tempestade se aproximando, anjos e anjos caídos se dirigindo ate onde Christian estava para tentar tomar o bebê. Além disso, Sarah ainda estava fraca por causa do parto, não suportaria uma fuga, Christian sabia que precisava vencê-los ou perderia toda a sua família.

Em um pequeno campo próximo a sua casa Christian esperou, pela primeira vez em sua vida ele rezou, pediu para que se realmente houvesse um Deus que o havia criado e colocado tanto poder dentro dele, que lhe deixasse usar esse poder pelo menos dessa vez, mesmo que a sua vida fosse tomada depois.

No passado Christian já havia enfrentado um ano antes, sabia da força terrível do adversário que o esperava, com muito custo ele tinha derrotado dois deles, contra dezenas deles não conseguia ter esperança de que fosse vitorioso.

Mas um homem não luta apenas quando tem a certeza da vitoria, ele luta mesmo que não possa vencer, se tiver algo que lhe seja precioso e queira proteger ele da a própria vida sem hesitar.

Bravamente ele lutou, cercado por dezenas de inimigos ele não recuava um passo, mas do que isso ele não permitia que nenhum deles passasse, com golpes furiosos ele decepava braços e cabeças. Enquanto empunhava a espada com a mão esquerda, com a direita disparava grandes esferas de energia.

Os que conseguiam passar por ele eram detidos por uma grande barreira que protegia todo o terreno em volta da casa, detinha-os por tempo suficiente para que ele pudesse atacá-los e defender a casa onde estavam sua mulher e filho.

Sem medo, sem dúvidas, sem se preocupar com a própria vida, um monstro que matava tudo que aparecesse a sua frente, era nisso que Christian havia se tornado, já se contavam mais de quinze o número de adversários mortos. Mas uma batalha nem sempre é justa.

Um grupo de cinco anjos se reuniu e juntos dispararam uma enorme bola de energia de espiritual contra a casa, se atingisse ela destruiria não apenas a barreira como também a casa. Mesmo sabendo que era uma armadilha, que era essa a intenção do adversário Christian não podia deixar aquilo acontecer, então, usando o próprio corpo ele defendeu o ataque.

Apenas este golpe já tinha um poder destrutivo capaz de matar Christian, e ainda somado aos danos que havia sofrido, o corpo dele estava muito ferido, ate mesmo se levantar parecia algo impossível.

Aproveitando-se da queda de Christian vários inimigos se aproximavam dele, não desperdiçariam a chance de matá-lo, mas então um grito foi ouvido.

Dois anjos haviam sido mortos, Sarah havia saído da casa e ido ao campo de batalha, não iria apenas assistir enquanto seu marido morria para protegê-la.

O que você esta fazendo? Volte para lá, eu vou protegê-la. – disse Christian

Se queria uma esposa submissa e que faz tudo o que o marido manda acho que se casou com a garota errada. Eu só aceito algemas e ordens quando estamos no quarto. – disse Sarah

– Você esta fraca, não esta em condições de lutar. 

– Não me importo com suas ideias idiotas sobre honra e o orgulho de um homem e de um guerreiro, não vou ficar assistindo você ser assassinado. Homens não são os únicos que podem lutar para proteger algo que é importante para eles.

Christian sabia o que ela ia fazer, mas não era capaz de impedir. A mesma técnica que ela havia usado no passado, em que usava a própria alma como arma.

No passado quando tinha usado esta técnica Sarah o fez porque não se importava com a própria vida, não ligava de morrer, mas agora era diferente, ela lutava porque precisava fazer isso por aqueles que amava, para garantir um futuro para seu filho e salvar seu marido.

Obrigado por tudo, por todos os momentos que tivemos, por ter afastado a escuridão de mim, adeus querido. Eu sempre te amarei. – disse Sarah

O ataque de Sarah foi poderosíssimo e derrubou vários anjos, mas ela usou toda sua energia, morrendo em seguida.

Christian ficou descontrolado, correu ate Sarah e a viu morrer em seus braços.

Nesse momento ele se lembrou do seu treinamento com Zachary, de uma vez em que durante o treinamento com espadas ele tinha sigo gravemente ferido, e de que nesse momento algo tinha acontecido.

Por alguns instantes ele tinha despertado uma energia muito poderosa, manifestado mais poder do que nunca tinha feito antes. Zachary ficou curioso sobre aquilo e tentou estudar, Christian não sabia exatamente o que ele tinha descoberto, mas ele o tinha avisado para nunca usar esta técnica, exceto em extrema necessidade.

O corpo humano é matéria, algo perecível, enquanto a alma é algo imortal, uma parte do próprio Deus, é ela quem da à vida, são duas essências totalmente distintas, que são unidas por uma única coisa, o sangue.

É o nosso corpo que limita o potencial total de nossa alma, quando estamos morrendo e nosso corpo começa a apodrecer a alma começa a triunfar sobre a carne, é por isso que as pessoas a beira da morte tem experiências únicas, porque sua alma esta se libertando das amarras do corpo.

É por isso que um guerreiro se torna ainda mais perigoso quando esta prestes a morrer, como uma vela que queima mais forte antes de se apagar.

Sacando sua espada Christian fez um grande corte no pulso, seu sangue jorrava abundantemente, se não estivesse lutando por sua família provavelmente não seria capaz de manter a concentração e suportar o que estava prestes a fazer, o Anjo de Sangue.

Usando o próprio sangue ele fez inscrições no corpo, era uma técnica que exigia tudo do seu corpo, era preciso estar quase morto para poder usá-la.

O corpo de Christian emanava uma aura branca, ele parecia ter se tornado um anjo. Os inimigos recuavam diante dele, apenas anjos de alto nível tinham força para enfrentá-lo, embora ferido ele estava mais forte do que nunca. Já tinha derrubado vários inimigos de alto nível.

Foi então que um anjo caído tentou falar com ele.

Nesse momento nenhum de nós é capaz de tocá-lo, mas por quanto tempo mais você aguentará, duvido que muito mais do que dez minutos, claro, ate lá você ter exterminado uma centena de nós, mas não mudará nossa vitória como resultado final. Quando você cair ninguém poderá proteger seu filho. Eu quero lhe propor um acordo, sua alma em troca de mais sete anos de vida. E então meus demônios exterminaram os anjos que estão aqui. – disse a anjo caído

Eu aceito se você acrescentar mais uma coisa ao acordo, meu filho prometa que vai protegê-lo por dez anos após minha morte. – disse Christian

– Não se superestime, isso é tempo demais, mesmo que você seja muito valioso esta a beira da morte, não vai conseguir barganhar.

– Tenho mais uma coisa para oferecer, a alma do meu filho. A menos que ele lhe de algo equivalente, a alma dele será sua. Mas uma coisa, eu preciso saber o seu nome para garantir nosso acordo.

– Nosso acordo esta selado, e eu me chamo Lilith.

Christian então cai exausto, mesmo sendo curado dos ferimentos fatais por Lilith continuava muito ferido, foi então que Zachary chegou ao campo de batalha e o ajudou a fugir junto de Mark.

No dia seguinte eles retornaram para fazer o enterro de Sarah. Antes de partir com Mark Christian escreveu uma carta para Strauss contando tudo que havia acontecido.

Depois de dois dias Strauss chegou ate lá, Christian já tinha partido, mas naquele lugar, na casa onde moravam estava o túmulo de Sarah. Em suas mãos ele trazia flores mortas. Em frente a sepultura da filha ele começou a falar.

Faz muito tempo, quase cinco anos desde a última vez que nos vimos. Vocês fizeram um bom trabalho se escondendo, mesmo uma os espiões da Vama Marga foram incapazes de encontrá-los. – disse Strauss

– Apenas há alguns meses atrás soubemos de informações de vocês, de que você estava grávida. Não foi um descuido, você se arriscou porque queria que eu soubesse, que o seu filho tivesse um avô.

– Eu comprei flores para você, mas nunca consegui entregá-las, as guardei comigo e as assistia todo dia secar e morrer. Como meus sentimentos, os guardei dentro de mim por tanto tempo que eles apodreceram, não sobrou nada para entregar.

Ele então deixa as flores mortas no túmulo e parte.

Finalmente o espírito de Strauss aparece para Mark, era a parte final do testamento.

Desculpe por isso Mark, no fim eu fui tão covarde que nem tive coragem de dizer isso para você pessoalmente, novamente tinha apenas flores mortas para entregar. Eu espero que possa ter aprendido algo com os meus erros, que conhecer seu passado e suas origens o torne mais forte, o ajude a encontrar seu próprio caminho. – disse Strauss

Sabe, ate mesmo flores mortas significam alguma coisa, elas podem deixas sementes para que algo novo possa nascer. Obrigado por tudo Strauss, quero dizer, vovô. Agora sei um pouco mais sobre mim mesmo, que eu sou Mark Strauss Kroos. – disse Mark