Por causa de Caroline, Strauss havia
desistido de usar o Tamachi Bakudan, ele tinha encontrado um novo propósito,
algo que era precioso e que ele estava disposto a proteger, um motivo pelo que
lutar.
Com o tempo Caroline estava conseguindo
curar o coração dele, ela era como um farol de esperança que o mostrava um
caminho para sair da escuridão onde ele sempre viveu. Eles terminaram se
apaixonando e e por fim casando-se, e durante algum tempo viveram felizes. Por causa
dela, ele estava disposto a sair da Vama Marga, se afastaria de tudo aquilo
para que pudessem ter uma vida normal.
Caroline ficou grávida, mas no momento
em que a filha deles nasceu aconteceu a tragédia, ela teve complicações no
parto e morreu.
Strauss havia perdido seu mundo, ela era
tudo para ele. Nem a sua filha podia curar sua alma, ele sequer conseguia
encará-la, vê-la era se lembrar de sua esposa morta, imaginar toda a felicidade
que poderiam ter tido e agora estava perdida.
Ele começou a beber muito, tinha
esperança de isso matar o que ele sentia por dentro, o deixar entorpecido, mas
terminou se sentindo apenas mais patético e vazio, agora tinha vergonha de sua
filha, não era o pai que ele merecia ter.
Ele se fechou para todos, decidiu
permanecer na Vama Marga, caçar aqueles monstros, proteger as pessoas era o
mínimo que ele poderia fazer, era a sua maneira de honrar a memória de
Caroline.
Sua filha foi deixada ao cuidado de
empregados, ele queria afastá-la da organização, não queria que ela tivesse a
mesma vida que ele teve. Mas Sarah escolheu o caminho oposto. Entrar na
organização era o único modo de tentar se aproximar do seu pai.
Sarah não havia herdado a força espiritual
de seu pai, não fazia parte do grupo dos Bem-Aventurados, mesmo assim ela se
dedicava ao máximo nos treinamentos, embora jovem já dominava exorcismos de
alto nível e conhecia muitas magias poderosas.
Apesar disso Strauss barrava o seu
avanço, fazendo com que não avançasse na Vama Marga, desse modo a impedia de ir
a missões de campo onde pudesse ter que enfrentar demônios e perigos reais.
Com o tempo aquilo se tornou uma
obsessão para Sarah, ela queria ser reconhecida por seu pai, que ele a
aceitasse, não sabia que ele a evitava para poder protegê-la e por ela
lembra-lo tanto de sua mãe.
Um dia chegaram a base dois soldados
feridos, haviam ido a uma missão que deveria ser fácil, mas algo deu errado,
terminaram por encontrar um adversário muito poderoso, de sete soldados
enviados apenas estes haviam retornado.
Era bastante claro que esse era um
inimigo muito poderoso, soldados comuns não seriam capazes de enfrentá-lo, foi
decidido que eles esperariam por um dos Bem-Aventurados, apenas um deles seria
capaz de derrotar este demônio.
Entretanto, Sarah estava decidida a usar
isso para provar a seu pai o seu real valor, se derrotasse um monstro tão forte
ele seria obrigado a reconhecê-la. Ao anoitecer ela fugiu e foi ate o local em
que o demônio estava, uma pequena e isolada vila.
Ao chegar à vila ela sentiu um calafrio,
nunca tinha se sentido tão assustada em toda a sua vida, mesmo assim decidiu
não recuar, não voltaria humilhada, retornaria com a missão cumprida.
Um odor de morte e sangue infestava toda
a vila, Sarah caminhava sem ver qualquer sinal de outro ser humano, a medida
que se aproximava conseguiu sentir uma presença, era mais forte do que qualquer
demônio que ela já tinha visto nos livros.
Dentro da igreja ela o encontrou,
sentado em um dos bancos, ao se aproximar ela pôde perceber que tinha cometido
um erro fatal, nunca seria capaz de derrotá-lo, aquilo não era um demônio, era
um anjo caído.
Ao vê-la ele começou a urrar e com um
chute destruiu vários bancos, ele dizia ter deixado aqueles dois escaparem para
que eles pedissem por ajuda e enviassem alguém mais poderoso para enfrentá-lo,
não uma patética garota que nem conseguia esconder seu medo.
Ele gritava palavras desconexas que não
faziam sentido para Sarah, amaldiçoava o “demônio dos sonhos”, o trapaceiro que
o havia enganado e roubado centenas de almas, agora ele era caçado no inferno e
não podia retornar, tinha que se esconder no mundo dos homens.
Mas os corpos humanos não suportavam o
seu poder, eles apodreciam e ele logo precisava trocar de receptáculo, tinha
deixado aqueles dois sobreviverem esperando que pessoas com poder espiritual
mais elevado aparecessem, corpos que pudessem suportá-lo por mais tempo.
Ele estava furioso, e então começou a
rir dizendo que compensaria isso se divertindo enquanto desmembrava o corpo de
Sarah.
Por mais que tentasse resistir tudo
parecia inútil, os exorcismos que ela conhecia não eram capazes de fazer nada
contra um anjo caído, aquilo era uma existência superior, não podia ser
comparado a um simples demônio.
Apesar de tudo Sarah não se entregaria,
usando uma magia proibida que havia aprendido ela disparou com a própria alma,
o anjo caído sentiu bastante o ataque, mas não tinha sido o suficiente para
derrotá-lo, e ela era incapaz de atirar novamente, aquilo havia gastado toda a
força dele.
O anjo caído a atacou, com um soco a
atirou longe, fazendo quebrar a parede de madeira da velha igreja e cair na
rua, sendo ainda arrastada por vários metros devido a força do golpe. Um único
ataque e ela já era incapaz de se levantar, ela percebeu o quanto tinha sido
ingênua por achar que poderia vencê-lo. Quando ela iria ser morta, ele
subitamente caiu no chão, havia sido perfurado por uma espada.
Sarah então olhou para cima e viu aquela
imagem, um jovem com imponentes asas douradas, lentamente ele descia e
caminhava em direção ao corpo ate retirar a espada, após guardá-la na bainha
ele foi ate ela, neste momento ela desmaia.
Dois dias depois ela desperta em uma
velha casa, seus ferimentos foram tratados, e próximo a ela esta o jovem que
tinha visto matando o anjo caído, aquele que havia a salvado.
Sarah não o reconhecia, e ele não
parecia ser um dos Bem-Aventurados, se fosse a teria levado para uma base da
Vama Marga, não uma casa de um dos moradores mortos. Ele parecia cansado e
dormia profundamente, ela poderia ter ido embora, mas algo nele chamava a
atenção dela.
Quando o jovem despertou perguntou como
Sarah se sentia e em seguida se apresentou como Christian. Tudo então começou a
fazer sentido para ela, aquele era o jovem que vinha há anos fugindo da Vama
Marga, aquele que possuía o potencial para ser o salvador da humanidade.
Sarah então teve a ideia de usá-lo para
conseguir subir dentro da organização, pela força que havia demonstrado ela
sabia que não conseguiria capturá-lo, mas poderia pelo menos agir como espiã.
Ela se apresentou para ele sem falar que
pertencia a Vama Marga, contou que era uma jovem que tinha tido a família morta
por demônios e agora os caçava, aprendeu a ser exorcista para poder vingar sua
família. Em seguida pedindo para que ele a aceitasse como aprendiz, que a
treinasse, ela tinha visto o quão forte ele era.
Christian apenas perguntou se ela sabia
sobre a magia que havia usado antes e o que ela fazia, Sarah respondeu que sim,
e disse que aquele era o tamanho da sua determinação. Era uma magia que fazia
humanos comuns poderem manipular suas energias espirituais como se fossem
Bem-Aventurados, mas ao custo de exaurir a energia vital da pessoa, por isso
era algo proibido, ao usá-la se colocava a própria vida em risco.
Ele prometeu ajudá-la, mas com a
condição de que ela nunca mais usasse isso novamente.
Assim que conseguiu Sarah entrou em
contato com Strauss e disse o que estava fazendo, mesmo com ele ordenando que
ela voltasse, mas ela se recusou. Continuou ao lado de Christian, aproveitando
para treinar com ele e se tornar uma exorcista mais hábil.
A cada dois meses ela enviava
secretamente relatórios para a organização falando sobre a movimentação de
Christian, o quão poderoso ele era e se ela dava sinais que despertaria como
salvador da humanidade.
Mas com o tempo Sarah começou a se
aproximar de verdade dele, finalmente ela tinha encontrado um lugar em que se
encaixava, em que, apesar de todas as mentiras, podia ser ela mesma. Christian
não a via como a filha do líder do Vama Marga, mas apenas como Sarah.
Ate que um dia ela recebeu uma mensagem,
Strauss havia decidido que era o momento de levar Christian para lá, que ele
devia ficar sob o controle da organização, que já haviam esperado demais e na
organização poderiam ensiná-lo melhor a controlar sua força. Sarah foi ordenada
a levá-lo para uma armadilha.
Embora esse fosse o seu propósito quando
se junto a ele agora ela não sabia se conseguiria, se sentia dividida, mesmo
que a organização não fosse matá-lo ele nunca a perdoaria por isso, ou pior, e
se ele reagisse podia terminar ferido.
Um dia Christian a chamou para
conversar.
Qual
o seu sonho, pelo que você luta? – Christian perguntou
Sarah ficou surpresa com aquela
pergunta, nunca haviam lhe perguntado isso, ela nunca havia pensado em sonhos.
O
que vai determinar a sua verdadeira força é pelo que você luta, o que você quer
proteger, quando encontrar o que verdadeira ama vai poder usar para se focar na
batalha, saber que precisa vencer porque tem algo que não suportaria perder.
Esta é a última lição que eu tinha para ensiná-la. – disse Chistian
E
para você, o que é importante para você? – perguntou Sarah
Christian não respondeu, mas após ela
sair ele disse: você.
Mas ela estava prestes a terminar o
treinamento, quando isso acontecesse ele a mandaria embora e ela ficaria
sozinha novamente, se ajudasse a capturá-lo pelo menos ganharia o respeito do
pai.
Com a desculpa de que precisava visitar
o túmulo de sua família, Sarah o levou ate o lugar marcado para a armadilha em
um cemitério abandonado. Assim que colocou os pés no cemitério Christian sentiu
uma barreira ser formada o prendendo naquele lugar.
Sentindo muito vergonha Sarah não
conseguia encará-lo, foi então que Strauss apareceu, ele disse que depois se
resolveria com ela, que apesar de ter tido êxito nesta missão seria punida por
tê-lo desobedecido.
Christian então pede para que Sarah vá
embora, porque não quer ter que machucá-la, ele não parece disposto a se
entregar. Strauss manda que os outros se afastem também, ele mesmo quer testar
aquele que pode ser o salvador do mundo.
Gostei muito do capitulo, começa por mostrar uma parte mais triste com a vida de Strauss a encontrar um equilibrio e de um momento para o outro o seu mundo desabar, o nascimento de Sarah e a conexão dela com Christian que como sabemos resulta no nascimento de Mark, gostei de ver o passado deles, embora ainda continue com um odio especial por Strauss, sem falar claro do Icelo, piadas à parte, muito bom mesmo ^^
ReplyDeleteInteressante saber como foi que os pais de Mark se conheceram!
ReplyDeleteCara, imagino a dor do Strauss ao perder quem amava daquela forma. Fico imaginando se ele culpou pelo menos uma vez a filha pela morte de Caroline... Não que ela tivesse culpa, mas só o fato de lembrar da esposa ao vê-la, me faz imaginar isso...
Não imaginava que a Sarah fosse uma mulher tão forte e decidida, isso veio a me surpreender. Mas eu a entendo perfeitamente, não há nada pior que não ser reconhecida pelas pessoas que nos são importantes,é muito frustrante isso... O problema é que o pai dela faz isso para protegê-la, mas acaba meio que chateando a filha por isso. Nem todo mundo quer ser protegido.
Foi um belo encontro dela com o Christian, ele então tinha poderes semelhantes ao de Mark? Achei legal a forma como ele chegou lá. O bom é que os dois foram se tornando mais próximos a cada dia que passava, mesmo com a Sarah tendo "segundas intenções".
Será que o Christian vai perdoá-la fácil depois de levá-lo para uma armadilha? Ele parece ter coração bondoso, mas nunca se sabe, afinal,acabou sendo uma traição, não é? Mas acho que ele entenderá os motivos dela...
Enfim, outro grande capítulo! Estou adorando a história do Strauss, é outro personagem que está me cativando bastante. Você sabe formular bem os personagens, eles são mais profundos e bem elaborados. Parabéns!