Wednesday 14 May 2014

Capítulo 53 - As sombras do futuro




Por causa de Caroline, Strauss havia desistido de usar o Tamachi Bakudan, ele tinha encontrado um novo propósito, algo que era precioso e que ele estava disposto a proteger, um motivo pelo que lutar.
Com o tempo Caroline estava conseguindo curar o coração dele, ela era como um farol de esperança que o mostrava um caminho para sair da escuridão onde ele sempre viveu. Eles terminaram se apaixonando e e por fim casando-se, e durante algum tempo viveram felizes. Por causa dela, ele estava disposto a sair da Vama Marga, se afastaria de tudo aquilo para que pudessem ter uma vida normal.
Caroline ficou grávida, mas no momento em que a filha deles nasceu aconteceu a tragédia, ela teve complicações no parto e morreu.
Strauss havia perdido seu mundo, ela era tudo para ele. Nem a sua filha podia curar sua alma, ele sequer conseguia encará-la, vê-la era se lembrar de sua esposa morta, imaginar toda a felicidade que poderiam ter tido e agora estava perdida.
Ele começou a beber muito, tinha esperança de isso matar o que ele sentia por dentro, o deixar entorpecido, mas terminou se sentindo apenas mais patético e vazio, agora tinha vergonha de sua filha, não era o pai que ele merecia ter.
Ele se fechou para todos, decidiu permanecer na Vama Marga, caçar aqueles monstros, proteger as pessoas era o mínimo que ele poderia fazer, era a sua maneira de honrar a memória de Caroline. 
Sua filha foi deixada ao cuidado de empregados, ele queria afastá-la da organização, não queria que ela tivesse a mesma vida que ele teve. Mas Sarah escolheu o caminho oposto. Entrar na organização era o único modo de tentar se aproximar do seu pai.
Sarah não havia herdado a força espiritual de seu pai, não fazia parte do grupo dos Bem-Aventurados, mesmo assim ela se dedicava ao máximo nos treinamentos, embora jovem já dominava exorcismos de alto nível e conhecia muitas magias poderosas.
Apesar disso Strauss barrava o seu avanço, fazendo com que não avançasse na Vama Marga, desse modo a impedia de ir a missões de campo onde pudesse ter que enfrentar demônios e perigos reais.
Com o tempo aquilo se tornou uma obsessão para Sarah, ela queria ser reconhecida por seu pai, que ele a aceitasse, não sabia que ele a evitava para poder protegê-la e por ela lembra-lo tanto de sua mãe.
Um dia chegaram a base dois soldados feridos, haviam ido a uma missão que deveria ser fácil, mas algo deu errado, terminaram por encontrar um adversário muito poderoso, de sete soldados enviados apenas estes haviam retornado.
Era bastante claro que esse era um inimigo muito poderoso, soldados comuns não seriam capazes de enfrentá-lo, foi decidido que eles esperariam por um dos Bem-Aventurados, apenas um deles seria capaz de derrotar este demônio.
Entretanto, Sarah estava decidida a usar isso para provar a seu pai o seu real valor, se derrotasse um monstro tão forte ele seria obrigado a reconhecê-la. Ao anoitecer ela fugiu e foi ate o local em que o demônio estava, uma pequena e isolada vila.
Ao chegar à vila ela sentiu um calafrio, nunca tinha se sentido tão assustada em toda a sua vida, mesmo assim decidiu não recuar, não voltaria humilhada, retornaria com a missão cumprida.
Um odor de morte e sangue infestava toda a vila, Sarah caminhava sem ver qualquer sinal de outro ser humano, a medida que se aproximava conseguiu sentir uma presença, era mais forte do que qualquer demônio que ela já tinha visto nos livros.
Dentro da igreja ela o encontrou, sentado em um dos bancos, ao se aproximar ela pôde perceber que tinha cometido um erro fatal, nunca seria capaz de derrotá-lo, aquilo não era um demônio, era um anjo caído.
Ao vê-la ele começou a urrar e com um chute destruiu vários bancos, ele dizia ter deixado aqueles dois escaparem para que eles pedissem por ajuda e enviassem alguém mais poderoso para enfrentá-lo, não uma patética garota que nem conseguia esconder seu medo.
Ele gritava palavras desconexas que não faziam sentido para Sarah, amaldiçoava o “demônio dos sonhos”, o trapaceiro que o havia enganado e roubado centenas de almas, agora ele era caçado no inferno e não podia retornar, tinha que se esconder no mundo dos homens.
Mas os corpos humanos não suportavam o seu poder, eles apodreciam e ele logo precisava trocar de receptáculo, tinha deixado aqueles dois sobreviverem esperando que pessoas com poder espiritual mais elevado aparecessem, corpos que pudessem suportá-lo por mais tempo.
Ele estava furioso, e então começou a rir dizendo que compensaria isso se divertindo enquanto desmembrava o corpo de Sarah.
Por mais que tentasse resistir tudo parecia inútil, os exorcismos que ela conhecia não eram capazes de fazer nada contra um anjo caído, aquilo era uma existência superior, não podia ser comparado a um simples demônio.
Apesar de tudo Sarah não se entregaria, usando uma magia proibida que havia aprendido ela disparou com a própria alma, o anjo caído sentiu bastante o ataque, mas não tinha sido o suficiente para derrotá-lo, e ela era incapaz de atirar novamente, aquilo havia gastado toda a força dele.
O anjo caído a atacou, com um soco a atirou longe, fazendo quebrar a parede de madeira da velha igreja e cair na rua, sendo ainda arrastada por vários metros devido a força do golpe. Um único ataque e ela já era incapaz de se levantar, ela percebeu o quanto tinha sido ingênua por achar que poderia vencê-lo. Quando ela iria ser morta, ele subitamente caiu no chão, havia sido perfurado por uma espada.
Sarah então olhou para cima e viu aquela imagem, um jovem com imponentes asas douradas, lentamente ele descia e caminhava em direção ao corpo ate retirar a espada, após guardá-la na bainha ele foi ate ela, neste momento ela desmaia.
Dois dias depois ela desperta em uma velha casa, seus ferimentos foram tratados, e próximo a ela esta o jovem que tinha visto matando o anjo caído, aquele que havia a salvado.
Sarah não o reconhecia, e ele não parecia ser um dos Bem-Aventurados, se fosse a teria levado para uma base da Vama Marga, não uma casa de um dos moradores mortos. Ele parecia cansado e dormia profundamente, ela poderia ter ido embora, mas algo nele chamava a atenção dela.
Quando o jovem despertou perguntou como Sarah se sentia e em seguida se apresentou como Christian. Tudo então começou a fazer sentido para ela, aquele era o jovem que vinha há anos fugindo da Vama Marga, aquele que possuía o potencial para ser o salvador da humanidade.
Sarah então teve a ideia de usá-lo para conseguir subir dentro da organização, pela força que havia demonstrado ela sabia que não conseguiria capturá-lo, mas poderia pelo menos agir como espiã.
Ela se apresentou para ele sem falar que pertencia a Vama Marga, contou que era uma jovem que tinha tido a família morta por demônios e agora os caçava, aprendeu a ser exorcista para poder vingar sua família. Em seguida pedindo para que ele a aceitasse como aprendiz, que a treinasse, ela tinha visto o quão forte ele era.
Christian apenas perguntou se ela sabia sobre a magia que havia usado antes e o que ela fazia, Sarah respondeu que sim, e disse que aquele era o tamanho da sua determinação. Era uma magia que fazia humanos comuns poderem manipular suas energias espirituais como se fossem Bem-Aventurados, mas ao custo de exaurir a energia vital da pessoa, por isso era algo proibido, ao usá-la se colocava a própria vida em risco.
Ele prometeu ajudá-la, mas com a condição de que ela nunca mais usasse isso novamente.
Assim que conseguiu Sarah entrou em contato com Strauss e disse o que estava fazendo, mesmo com ele ordenando que ela voltasse, mas ela se recusou. Continuou ao lado de Christian, aproveitando para treinar com ele e se tornar uma exorcista mais hábil.
A cada dois meses ela enviava secretamente relatórios para a organização falando sobre a movimentação de Christian, o quão poderoso ele era e se ela dava sinais que despertaria como salvador da humanidade.
Mas com o tempo Sarah começou a se aproximar de verdade dele, finalmente ela tinha encontrado um lugar em que se encaixava, em que, apesar de todas as mentiras, podia ser ela mesma. Christian não a via como a filha do líder do Vama Marga, mas apenas como Sarah.
Ate que um dia ela recebeu uma mensagem, Strauss havia decidido que era o momento de levar Christian para lá, que ele devia ficar sob o controle da organização, que já haviam esperado demais e na organização poderiam ensiná-lo melhor a controlar sua força. Sarah foi ordenada a levá-lo para uma armadilha.
Embora esse fosse o seu propósito quando se junto a ele agora ela não sabia se conseguiria, se sentia dividida, mesmo que a organização não fosse matá-lo ele nunca a perdoaria por isso, ou pior, e se ele reagisse podia terminar ferido.
Um dia Christian a chamou para conversar.

Qual o seu sonho, pelo que você luta? – Christian perguntou

Sarah ficou surpresa com aquela pergunta, nunca haviam lhe perguntado isso, ela nunca havia pensado em sonhos.

O que vai determinar a sua verdadeira força é pelo que você luta, o que você quer proteger, quando encontrar o que verdadeira ama vai poder usar para se focar na batalha, saber que precisa vencer porque tem algo que não suportaria perder. Esta é a última lição que eu tinha para ensiná-la. – disse Chistian
E para você, o que é importante para você? – perguntou Sarah

Christian não respondeu, mas após ela sair ele disse: você.
Mas ela estava prestes a terminar o treinamento, quando isso acontecesse ele a mandaria embora e ela ficaria sozinha novamente, se ajudasse a capturá-lo pelo menos ganharia o respeito do pai.
Com a desculpa de que precisava visitar o túmulo de sua família, Sarah o levou ate o lugar marcado para a armadilha em um cemitério abandonado. Assim que colocou os pés no cemitério Christian sentiu uma barreira ser formada o prendendo naquele lugar.
Sentindo muito vergonha Sarah não conseguia encará-lo, foi então que Strauss apareceu, ele disse que depois se resolveria com ela, que apesar de ter tido êxito nesta missão seria punida por tê-lo desobedecido.

Christian então pede para que Sarah vá embora, porque não quer ter que machucá-la, ele não parece disposto a se entregar. Strauss manda que os outros se afastem também, ele mesmo quer testar aquele que pode ser o salvador do mundo.

2 comments:

  1. Gostei muito do capitulo, começa por mostrar uma parte mais triste com a vida de Strauss a encontrar um equilibrio e de um momento para o outro o seu mundo desabar, o nascimento de Sarah e a conexão dela com Christian que como sabemos resulta no nascimento de Mark, gostei de ver o passado deles, embora ainda continue com um odio especial por Strauss, sem falar claro do Icelo, piadas à parte, muito bom mesmo ^^

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  2. Interessante saber como foi que os pais de Mark se conheceram!
    Cara, imagino a dor do Strauss ao perder quem amava daquela forma. Fico imaginando se ele culpou pelo menos uma vez a filha pela morte de Caroline... Não que ela tivesse culpa, mas só o fato de lembrar da esposa ao vê-la, me faz imaginar isso...
    Não imaginava que a Sarah fosse uma mulher tão forte e decidida, isso veio a me surpreender. Mas eu a entendo perfeitamente, não há nada pior que não ser reconhecida pelas pessoas que nos são importantes,é muito frustrante isso... O problema é que o pai dela faz isso para protegê-la, mas acaba meio que chateando a filha por isso. Nem todo mundo quer ser protegido.
    Foi um belo encontro dela com o Christian, ele então tinha poderes semelhantes ao de Mark? Achei legal a forma como ele chegou lá. O bom é que os dois foram se tornando mais próximos a cada dia que passava, mesmo com a Sarah tendo "segundas intenções".
    Será que o Christian vai perdoá-la fácil depois de levá-lo para uma armadilha? Ele parece ter coração bondoso, mas nunca se sabe, afinal,acabou sendo uma traição, não é? Mas acho que ele entenderá os motivos dela...
    Enfim, outro grande capítulo! Estou adorando a história do Strauss, é outro personagem que está me cativando bastante. Você sabe formular bem os personagens, eles são mais profundos e bem elaborados. Parabéns!

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