Capítulo 37 - Inferno perdido

Depois de seguir por algum tempo pela estrada Katherine, agora encarnada como Lilith, decidiu que era o momento de pararem para descansar, junto dela estava Dante, que acabará de fugir do inferno e estava sentido os terríveis efeitos de ter pedaços de varias almas diferentes ligadas a sua.

Sabia estar se metendo em algo muito maior do que ele, e estar ao lado de um monstro em quem não podia confiar, e que tinha o transformado também em um monstro. Ele não podia negar que após tanto tempo sendo torturado no inferno sua alma estava tão danificada que não haveria mesmo salvação para ele.

Tornar a si mesmo em uma arma, uma criatura com a única função de matar anjos. Ele não tentava se enganar fingindo ser um herói, ele não era isso, era apenas alguém que queria vingança ao mesmo tempo em que queria destruir a si mesmo no processo.

Passado algum tempo de profundo silêncio em que ambos se negavam a tentar começar uma conversa, Dante resolveu começar. Lilith olhava para o horizonte, mas seus olhos eram vazios, não havia nada de Katherine neles.

Então, o que vamos fazer? Apenas esperar? – perguntou Dante

Exatamente, não se preocupe, não vai demorar. Alias, se fosse você aproveitaria cada instante, porque depois que começar não vai mais poder ser parado. – disse Lilith

– Ajudaria se você me dissesse o motivo de estar nisso. Não tem como esperar que acredite em você sem saber seus motivos.

– Não me importa se acredita em mim ou não, a sua utilidade é relativa, se começar a dar muito trabalho me livro de você.

– Pode vir quando quiser, querida, estou mesmo com vontade de saber que tipo de monstro me tornei.

Percebendo que Dante estava sério sobre isso Lilith decidiu recuar, não era o momento de começar uma luta sem sentido, na verdade ela poderia se aproveitar disso. Dessa necessidade humana de buscar conexões de tentar entender o que estava acontecendo, as motivações por trás das ações.

Ela então começou a contar sua história.

Se realmente é o que quer tudo bem, eu vou contar-lhe o que aconteceu há alguns anos atrás. – disse Lilith

Eu posso ter passado os últimos anos sendo torturado no inferno, mas ainda sei algumas coisas sobre as mulheres. Você nunca deve acreditar nas palavras de uma mulher, elas mentem tão bem como o diabo, ao invés disso deve acreditar apenas no que vê, nas ações delas. – disse Dante

– Então vamos a ação.

Nesse momento Lilith se aproxima de Dante e o beija, mas não era um beijo comum, ela estava se ligando psiquicamente a ele, fazendo com que enxergasse as memórias dela.

Há alguns anos atrás iniciou-se uma rebelião no inferno, já haviam tido outras ao longo de tantas eras desde que Lúcifer liderou a revolta contra a humanidade. Mas esta era diferente, a maior de todas, pela primeira vez tantos anjos caídos estavam tentando derrubar a Estrela da Manha.

A rebelião começou com vários demônios incitando uma revolta contra os anjos, mesmo sendo muito mais fracos eles possuíam a vantagem numérica.

Ao longo dos milênios os anjos caídos formaram um exercito com milhares de demônios, humanos que aceitavam ter suas almas corrompidas em troca de poder. Diferente dos anjos que não aguentavam permanecer muito tempo na terra, os demônios podiam, uma vez que ainda possuíam essencial humana.

Eram eles quem tentavam os homens e faziam contratos, conseguindo assim mais almas para o inferno.

Por serem humanos que aceitaram contaminar sua alma era obvio que não se podia confiar neles, mas sempre foram bem controlados pelo medo e pelo instinto de sobrevivência, sabiam que apenas um anjo era o suficiente para exterminar centenas deles.

Entretanto, daquela vez algo estava diferente, os demônios pareciam diferentes, como se alguns deles não estivessem naquilo por vontade própria, de algum modo alguém os estava induzindo a causar esta revolta.

Enquanto a maior parte dos anjos caídos foram ate as regiões onde a rebelião estava mais intensa o grande castelo de Lúcifer estava relativamente desguarnecido.

Ninguém acreditava que tivessem coragem de atacar Lúcifer dentro de seus próprios domínios, e, além disso, havia uma dezena de anjos fazendo a proteção do castelo. Entretanto, o que aconteceu ninguém esperava. Todos os dez anjos que guardavam o castelo faziam parte do complô. A verdade foi revelada, também haviam anjos caídos em meio à revolta.

Então, teve inicio uma grande batalha onde Lúcifer sozinho confrontava os dez anjos caídos. Assim que perceberam as explosões e o grande choque de energias imediatamente os anjos fiéis a Estrela da Manha retornaram ao castelo.

O primeiro a chegar foi Vassago, seguido por Lilith, em um dos corredores do palácio encontraram Gremory ferido, ele dizia ter chegado pouco antes deles e ter sido atacado antes de poder chegar a Lúcifer, implorava que o deixassem lá, ele não era importante, eles deviam se preocupar em ajudar Lúcifer.

Ao chegarem à sala do trono onde a batalha acontecia viram corpos retalhados e espalhados por todos os lados, sete anjos já estavam mortos, um estava agonizando mais ainda vivo, e dois ainda estavam de pé mesmo bastante feridos.

Isto não chegava a ser uma surpresa, a força de Lúcifer era bastante conhecida, na grande guerra no paraíso contra as forças leais a Miguel ele tinha chegado a confrontar muito mais do que dez anjos.

A surpresa que eles tiveram foi ver o estado em que Lúcifer estava, tinha sido ferido e demonstrava cansaço, a batalha estava sendo bastante dura para ele. Imediatamente Lilith e Vassago assumiram a batalha, vencendo os anjos com certa facilidade uma vez que já estavam bem feridos.

Logo estavam ambos a ajudar Lúcifer, que tentava não demonstrar mais tinha sofrido ferimentos durante a batalha. Nesse momento Gremory aparece e termina por matar o anjo que estava agonizante. Lilith o repreendeu, pois ele podia ser útil, ser interrogado para saber quem era o líder de tudo aquilo.  

Mas diante da situação Gremory se justificou dizendo que ele estava se preparando para atacar Lúcifer, Vassago logo acabou com a discussão entre Lilith e ele dizendo que a prioridade era cuidar do primeiro dos caídos.    

Com a derrota do grupo que tinha atacado Lúcifer a revolta arrefeceu perdendo todo o ímpeto inicial. Vassago havia deixado se espalhar a noticia de todos os lideres rebeldes haviam sido exterminados no ataque ao castelo.

Desse modo todos ficaram atribuindo a vitória a Lúcifer, novamente reconhecendo toda a sua tremenda força e voltando assim a temê-lo. Mas isto era apenas o que os outros anjos caídos e demônios precisavam saber.

Era preciso encontrar uma explicação para aquilo tudo, buscar culpados, encontrar cúmplices e fazer com que todos eles pagassem caro pelo que tinham feito.

Vassago, o mais leal a Lúcifer, foi o encarregado de investigar a revolta. Existiam muitas suspeitas, desde a participação de Miguel tentando desestabilizar o inferno, ate uma simples loucura de anjos que realmente acharam que podiam se tornar senhores do inferno.

Entretanto, a verdade que ele começou a descobrir era ainda mais surpreendente do que poderia supor. Embora a maioria dos demônios que tinham participado da rebelião estivessem mortos por terem lutado até o fim, recusando qualquer tentativa de rendição, alguns poucos tinham sido capturados, e estes estavam sendo torturados para revelarem quem era o líder de tudo aquilo.

Com a confissão de todos eles que repetiam a mesma coisa Vassago organizou uma grande reunião com os maiores na hierarquia infernal, os maiores que assistiam junto a Estrela da manha foram convocados. Então Vassago revelou o que havia descoberto.

A resposta foi a pior possível. Acusaram Lilith, a princesa do inferno de ter organizado isto para poder se tornar a rainha, derrubar Lúcifer e comandar o inferno. Ela seria a única com poder e influencia o bastante para fazer com que todos aqueles demônios aceitassem fazer parte disso, apenas ela convenceria ate mesmo os anjos caídos a se juntarem nesta louca empreitada.

Com as palavras de Vassago logo toda a atenção se voltou para Lilith, antes que ela tivesse chance de pelo menos tentar negar dois dos anjos caídos presentes avançaram em direção a ela com intenção de executá-la, foram parados apenas pelo firme comando de Lúcifer que ordenou que ninguém a tocasse.

Para protegê-la ele precisou tomar uma decisão difícil, mandou que ela fosse levada as masmorras e ficasse presa enquanto se descobria se ela havia participado ou não do complô contra Lúcifer.

Antes de ser presa Lúcifer fez um selo no corpo de Lilith, era uma foram de contê-la, este encantamento limitaria os poderes dela, ela só poderia usar dez por cento de sua força total.

Em meio a toda aquela confusão motivada pela revelação de Vassago a maioria deixou passar despercebido o relatório de Gremory, sobre uma grande quantidade de almas que tinha desaparecido durante a rebelião.

Depois de ficar presa algumas semanas nas masmorras, sempre gritando por Lúcifer e pedindo que ele viesse vê-la, jurando sua inocência, palavras que eram ouvidas apenas pelos guardas que não respondiam a nada, tratando-a com muito respeito, diferente dos outros presos que eram constantemente torturados.

Mas um dia algo estava diferente, Lilith percebeu que sua cela estava aberta, quando abriu a grande e pesada porta se deparou com os guardas todos mortos. Rapidamente ela percebeu do que se tratava, iriam tentar incriminá-la com uma tentativa de fuga, a desculpa perfeita para executá-la durante a luta.

Ficando ou fugindo ela sabia que suas chances eram mínimas, mas decidiu se arriscar e tentar escapar, se conseguisse sair de lá depois de alguns dias podia tentar entrar em contato com Lúcifer.

Pela primeira vez em sua vida ela sentiu medo, guardas mortos e portas destrancadas indicavam o caminho que devia seguir, a cada passo afundava mais na armadilha que haviam preparado.

Quando saiu do castelo conseguiu avançar alguns quilômetros ate perceber que estava sendo seguida, seu perseguidor logo começou a atacá-la. Usava uma máscara assustadora, o que fez com que Lilith percebesse que era alguém que ela conhecia, pela força tão grande com certeza era um anjo caído.

De modo bastante violento ela foi atacada, levando vários poderosos golpes no rosto e no corpo, com apenas dez por cento de sua força Lilith não tinha como enfrentá-lo. Depois desferir mais alguns golpes que a fizeram quase desmaiar o atacante passou a esmagar a cabeça dela, pisando em seu belo rosto, mas o objetivo não era torturá-la, era uma missão de assassinato.

Ele desferiu o golpe de misericórdia, uma espada negra perfurou o peito de Lilith, o ferimento era mortal.