A chegada dos anjos fazia as paredes da
catedral tremerem, os vitrais explodiam e a abóboda rachava. A glória, o poder
de um anjo era algo incomensurável.
A luz que emanava deles fez com que Zeno
recobrasse a consciência depois do ataque que sofreu de Layla. Ele sabia o que
estava acontecendo, o céu estava desabando sobre eles.
Os três anjos conversam entre si
parecendo ignorar Katherine e Zeno, após alguns minutos um deles que parece ser
o líder do grupo começa a falar.
Eu
sou Babel, e estes são meus irmãos Luciel e Raziel, servimos àquele que é como
Deus, fomos chamados ate aqui, e agora reivindico todas as almas que você
guarda nesse local. – disse Babel
Tente
qualquer coisa e as espalharei pelo limbo existente entre céu e inferno. –
disse Zeno
Nós
somos a glória de Deus, como um da sua raça imunda se atreve a dirigir a
palavra a meu irmão? – disse Luciel
Calma,
irmão. Vamos ver o que esta alma deformada e apodrecida tem a dizer. – disse
Babel
Você
esta certo, minha existência no inferno me deixou tão danificado que não posso
mais ser chamado de humano, mas não significa que eu esqueci o que já fui um
dia. Nós humanos temos o direito de decidir nosso próprio destino, não vamos
ser apenas usados na sua guerra. – disse Zeno
Devo
dizer que sua arrogância me diverte. Nosso senhor Miguel pode esmagar estrelas
com as mãos, o mais fraco dos anjos já bastaria para destruir todos vocês, e
mesmo assim acha que pode nos enfrentar. – disse Babel
Mas
mesmo assim vocês lutam desesperadamente por nós, anseiam por nossas almas
porque sabem da verdade, que cada alma humana contem uma centelha do poder do
próprio Deus. Sabe o que eu acho, que na verdade vocês nos temem. – disse Zeno
Seu
boneco de barro nojento! Escória! Não vou mais tolerar isso. – grita Luciel
Antes que seus irmãos conseguissem o
deter ele já havia partido para cima de Zeno, mas este era exatamente o plano
dele. Durante o tempo que serviu ao inferno já havia se deparado antes com
anjos, as historias sobre a arrogância e o orgulho deles eram famosas.
Sabendo que nunca teria chance em uma
batalha normal Zeno precisava de estratégia, não que ele tivesse qualquer
esperança de vencer, mas pelo menos queria atrasá-los.
Embora não pudessem ser vistas as asas
de cada um dos anjos projetava grandes sombras, assim como um poderoso golpe de
vento, mas tomado pela fúria Luciel atacou sem ver o local onde Zeno estava,
atrás de uma das colunas de sustentação da catedral.
No inferno o combate entre demônios era
comum, qualquer motivo era suficiente para iniciar uma contenda, e quando isso
não acontecia tinha de lutar para satisfazer os gostos dos anjos caídos a quem
serviam.
Zeno tinha muita experiência em combate,
sabia que naquele ambiente fechado e pequeno era a sua melhor chance.
Após o golpe falhado em que apenas
acertou um pilar enquanto Zeno se esquivava, Luciel estava um pouco atordoado,
nesse instante o demônio revidou com toda a sua força em um hábil
contra-ataque.
Foi um poderoso soco no rosto do anjo,
que o atirou em direção a outra das colunas da catedral. Quando ele se
preparava para uma nova investida foi detido por seus irmãos. Eles permaneciam
calmos e já haviam percebido o plano de Zeno.
Antes que ele fosse acalmado pelos
irmãos o demônio sabia que precisava agir, então zombou de Luciel, o fez perceber
que estava sangrando, que o seu sangue sagrado tinha sido derramado por um
demônio, uma espécie de criatura para os anjos é considerada inferior aos
humanos.
O orgulhoso anjo foi tomado por uma
grande fúria, jamais permitiria que alguém que o tivesse feito sofrer uma
ofensa como essa pudesse continuar vivo, sem dar atenção ao alerta dos irmãos
partiu de forma descontrolada.
Sua raiva fazia seu poder aflorar de
forma caótica, as paredes, o chão, tudo volta dele tremia e começava a se
desfazer ate virar pó.
Naquele instante, nos poucos segundos
que demoraria para ser atingido pelo ataque do anjo, Zeno refletiu sobre tudo
que havia feito. Não se arrependia de ter escolhido ficar do lado da humanidade
e tentar a salvar.
Mas agora lutando contra aqueles anjos
ele podia entender que nunca teria chances reais, que deveria deixar a luta
para aqueles mais poderosos, os destinados a isso. Saber sobre Mark, conhecer
Katherine e ter conversado com Icelo o deram esperança.
Seu plano havia fracassado, mas ele não
se sentia triste ou frustrado, o que importava é que agora acreditava que a
humanidade teria uma chance, que existiam outras pessoas lutando, e que sua
morte não seria em vão.
Quando se iniciou a batalha com Luciel
pôde ver Layla levando Katherine, estava preocupado com ela, mas confiava que
ela pudesse se salvar sozinha. Embora tivesse dúvidas sobre se podia ou não
confiar naquele estranho chamado Icelo, pelo menos preferia que fosse ele ao
invés daqueles anjos a levar todas as almas coletadas.
Zeno sabia que havia sido Icelo a
quebrar a sua barreira de proteção e convocar aqueles anjos ate ali, mas não
sentia ódio dele, ele podia sentir alguma bondade nele, queria acreditar.
Neste momento final, antes da sua morte,
Zeno sorriu, sentia que por mais danificada que sua alma estivesse, ele não era
mais um demônio, tinha voltado a ser um humano, morreria novamente e agora para
sempre, mas morrer como um homem era tudo o que podia ter desejado.
Então o instante se passou, enquanto
Luciel pensava que destruiria e retalharia o corpo de Zeno com um único ataque,
mas o sorriso daquele homem diante da morte o fez hesitar.
E essa breve hesitação foi o suficiente
para Zeno, ele tinha consigo a essência de algumas almas, e agora estava a
queimá-las junto com sua alma, concentrando uma grande quantidade de poder que
lançou em direção a Luciel e aos outros anjos.
Foi uma explosão poderosíssima que
somada ao fato de a estrutura já estar danificada fez com que a catedral
desabasse sobre Zeno e os anjos.
Com dificuldade Zeno respirava, estava
bastante ferido, mas de alguma forma tinha conseguido sobreviver, os escombros
da catedral o prendiam e ele não tinha força para sair daquele lugar.
Mas de repente tudo começou a se mexer,
as pedras estavam sendo movidas e retiradas de cima dele, era Babel. O anjo o
estava procurando.
Mesmo que continuasse a demonstrar calma
uma expressão tranquila nos olhos dele era possível notar ódio. Depois de algum
tempo vasculhando ele então achou Zeno, e de forma brusca o retirou.
Com violência o ergueu, levantando-o
pelo pescoço. Começou então a ordenar que ele pedisse desculpas e implorasse
pela vida, diante da recusa de Zeno o anjo começou a torturá-lo.
Atirava seu corpo em direção as pedras e
desferia vários golpes, Zeno vomitava sangue mas se recusava a se curvar diante
dos anjos, percebendo que ele logo morreria Babel decidiu terminar com aquilo,
então começou a esmagar o pescoço de Zeno ate matá-lo.
O outro anjo ajudava Luciel que estava
muito ferido, no último momento ele havia usado seu próprio corpo de escudo e
absorvido todo o dano, protegendo assim seus irmãos.
Luciel havia conhecido um sentimento
novo, havia conhecido o medo, um humano tinha sido capaz de fazê-lo temer por
sua vida, ele assistia enquanto Babel torturava e assassinava aquela pessoa.
O anjo não conseguia parar de olhar para
os olhos de Zeno, naqueles olhos ele não viu medo, apenas determinação e
coragem, a disposição de se sacrificar para proteger alguma coisa, não hesitar
nem diante da morte. Enquanto Babel apertava o seu pescoço sufocando-o Zeno
continuava a encará-lo.
Depois de assassinar aquele humano,
Babel atirou o corpo para cima, estava pronto para retalhá-lo quando foi
impedido por Luciel.
Quando Babel perguntou por que Luciel o
havia detido ele não sabia o que responder, diante do impasse o corpo caiu no
chão formando uma grande poça de sangue.
Babel não tinha gostado de ter sido
parado pelo irmão e uma tensão crescia entre eles, ate que o outro anjo
interveio, ele os lembrou de que o objetivo deles era levar para o paraíso uma
grande quantidade de almas que estavam naquele lugar, que não era o momento de
perder tempo com um morto.
Enquanto a batalha ocorria Icelo estava
sozinho no jardim e conseguiu roubar todas as almas que Zeno havia reunido, as
enviando em seguida para um lugar seguro no mundo dos sonhos.
Icelo devia estar satisfeito tudo havia
corrido bem, ido de acordo com seus planos, os anjos e Zeno tinham lutado e
dado tempo para que ele se apoderasse das almas, agora tudo que precisava fazer
era se voltar para o mundo dos sonhos e estaria seguro, mas algo o impedia.
Anjos não podiam permanecer muito tempo
no nosso mundo sem começar a sentir terríveis efeitos, talvez como uma forma de
proteção para nós, mas a natureza divina deles faz com que nosso planeta seja
venenoso para eles, e quando usam seus poderes esses efeitos apenas se
intensificam.
Mesmo assim Icelo não conseguiu apenas
ir embora e desfrutar do sucesso do seu plano, ele sentia que devia algo a
Zeno.
O grupo de anjos, principalmente Babel e
Luciel começavam a sentir-se mal por terem usado seus poderes, percebendo que
as almas já haviam sido levadas daquele lugar decidiram que o melhor era
retornar para o céu e reportar o que aconteceu.
Quando eles partiram algo aconteceu, um
clarão e então eles se separaram, só algum tempo depois de chegar ao céu
perceberiam a falta de Raziel, que alguma coisa tinha acontecido e ele não
tinha se separado do grupo.
Pobre
anjo, acho que não vai a lugar algum com essas asas, elas estão quebradas. –
disse Icelo
Capitulo muito intenso, Zeno mesmo sabendo que ia morrer conseguiu ganhar tempo para Katherine fugir, os anjos mostraram o seu lado tenebroso não tendo piedade nenhuma de Zeno, Icelo apesar de ter traido Zeno apenas para roubar as almas começa a sentir remorsos, é um personagem interessante e acho que ainda vamos ter surpresas com ele.
ReplyDeleteEssa luta de Zeno contra os anjos foi muito foda *w* Um demônio conseguir peitar assim três anjos de uma vez é um feito enorme!
ReplyDeleteSem contra que mostrou uma grande determinação e coragem ^^ Foi um personagem muito interessante!
G'zuis, o que será que o Icelo quer com o Raziel?! Fico imaginando se ele vai tentar vingar o Zeno, porque parece que Icelo sentiu uma pequena "gratidão" em relação a ele ^^
Excelente capítulo! *w* Estarei aguardando pelo próximo