Assim que soube da notícia de que o avô
de Mark havia sido internado no hospital Katherine correu até lá. Ao chegar à
recepção perguntou pelo quarto em que ele estava, foi atravessando o hospital
até chegar ao quarto que havia lhe sido indicado, onde estava internado Zachary
Holger.
Parou algum tempo em frente à porta do
quarto, teve muita pressa para chegar até lá, mas agora não sabia o que fazer,
o que dizer. Ela melhor do que ninguém sabia que nestes momentos ninguém pode
ajudar, nenhuma pessoa sabe como a outra se sente, mas sabia que às vezes basta
estar lá e mostrar que a pessoa não esta sozinha.
Quando finalmente abriu a porta do
quarto viu Zachary, estava ligado a vários aparelhos, parecia frágil, era
difícil acreditar que alguém daquele jeito pudesse se recuperar, isso tornava
ainda mais difícil para ela falar com Mark.
Ele estava sentado próximo à cama do avô
com um livro na mão e mais uma pequena pilha de livros no chão. Desta vez os
olhos dele não fugiram dos dela, ele a encarou por algum tempo, ao ver todo
aquele vazio que ele trazia dentro de si ela não aguentou e virou o rosto, como
se aquilo não o surpreendesse apenas abaixou a cabeça e voltou a ler.
Katherine sentou-se próximo a cama onde
Zachary estava, ficando de frente para Mark, durante um longo tempo ambos
ficaram em silêncio. Ela tentou então quebrar o silêncio e tentar animá-lo.
Pelo
menos ele parece estar em paz. – disse Katherine.
Mas
não esta (o tom de voz dele era hostil, parecia carregar um grande ódio), ele
esta preso dentro do mundo dos sonhos a vivenciar cada um dos seus piores
pesadelos, a dor e agonia que ele esta sentindo ninguém pode entender, até que
no final sua mente não resista e seja destruída então ele morre. – disse Mark.
Desculpe,
eu não sabia.
Claro
que não, você é apenas uma idiota que não conseguiu superar a morte dos pais e
deixou que um demônio a possuísse, agora pode viver sua vida normal, não tem
como entender o que eu e ele somos. A maldição que carregamos.
Não
precisa lidar com isso sozinho (disse ela de forma insincera, sabendo que não
tinha forças para ajudá-lo).
Eu
já estou sozinho, eu já perdi tudo, meu avô foi a única coisa que sobrou e
agora estou prestes a perdê-lo também.
Devem
haver outras pessoas que possam ajudá-lo, outros que possam lidar com demônios.
Eu
vou resolver isso sozinho, não preciso da ajuda de ninguém, esta vendo isto
(diz ele apontando para a pequena pilha de livros no chão) meu avô já havia
começado a investigar isso, ele já fez a parte dele, agora é hora de eu fazer a
minha.
Mark,
não parece que você quer salvá-lo, parece mais que quer se destruir.
Saia
daqui, não preciso da pena da sua pena, não finja que se importa (disse ele
quase gritando).
Ela levantou-se e tentou ir até ele, mas
quando se aproximou ele disse:
Não
se preocupe, quando eu estiver no inferno e encontrar seus pais lá vou dizer a
eles como falharam, o grande fracasso que você é, a pobre orfãzinha que quer
que sintam pena dela, que usou a morte deles como desculpa para tudo até agora.
Ela se vira e com lágrimas nos olhos vai
embora.
Mark se levanta e vai até janela, de lá
fica observando até ela sair e ir embora, a segue com os olhos até que ela
desaparece no final da rua. Quanto mais longe de tudo isso ela ficar melhor,
ele pensa e repeti para si mesmo, tem que acreditar nisso ou então não
conseguiria se controlar e iria atrás dela, diria que esta a ponto de
desmoronar e precisa de ajuda.
Mas então olhou para seu avô, se lembrou
dos seus pais e logo afastou essa ideia, esse tipo de vida, o que ele faz, o
destino que ele carrega é uma maldição que atinge a todos que se aproxima dele.
Não queria mais pensar nessas coisas
então voltou aos livros e a pesquisa, Zachary já havia adiantado muita coisa,
já tinha descoberto com qual demônio estavam a lidar, e era bem pior do que
Mark poderia supor.
Icelo, um demônios muito antigo e
poderoso, senhor do mundo do sonhos, responsável por enviar pesadelos para as
pessoas, diferente de outros demônios que sempre buscam as almas humanas Icelo
era diferente, gostava de alimentar-se do medo e do desespero das pessoas, e no
fim de tudo quando a mente da pessoa estava prestes a entrar em colapso ele
fazia um acordo, o fim daquele sofrimento em troca da alma da pessoa.
Era algo extremamente poderoso, nem com
a ajuda de Zachary ele sabia se conseguiria. Lembrou-se das palavras de
Katherine sobre pedir ajuda a outros exorcistas, mas provavelmente nem com a
ajuda de outros poderia enfrentar algo assim, mas mais importante, se recordou
de uma velha agenda que seu avô havia mostrado-lhe uma vez, nela haviam cerca
de treze nomes, eram contatos de outros exorcistas, estavam quase todos
riscados, só restavam dois, todos os outros mortos.
Mark sabia que não podia esperar, não
tinha tempo para procurar qualquer um deles, não podia nem saber se ainda
estavam vivos, neste ramo de trabalho não se vive o bastante para poder se
aposentar. Entretanto, o principal fator era outro, tempo era um luxo que ele
não tinha, não se pode saber quanto tempo a mente de seu avô aguentaria antes
de ser destruída pelos pesadelos, ele precisava agir o mais rápido possível.
Por algum tempo continuou a olhar para o
seu avô, vê-lo naquele estado, sabendo o quanto ele estava sofrendo era a
motivação final que ele precisava. Mesmo sabendo que seria inútil, que ele iria
ouvir Mark precisava dizer aquilo.
Desculpe
por tudo, eu sei que você fez o melhor que pôde e isso foi mais do que o
suficiente. Não precisava ter feito nada, não era sua culpa, não era sua
responsabilidade, mas você cuidou de mim. Chegou minha vez de fazer alguma
coisa por você, apesar de que não sei se vou conseguir te salvar, enfim, eu só
queria dizer que te amo, mesmo que não tenhamos o mesmo sangue você é e sempre
será meu avô.
Antes que as lágrimas começassem a
correr pelo seu resto Mark se conteve, sabia que não podia ir confrontar um
demônio com o espírito abalado e uma fraca determinação.
Foi até o seu avô e fez um corte no
braço dele para retirar algum sangue que precisaria para o ritual. Olhou mais
uma vez para o corpo de seu avô em cima daquela cama de hospital, vendo-o a
cada minuto definhar e parecer mais fraco, decidido foi embora sem dizer adeus
e sem saber se conseguiria voltar.
Ao sair do hospital Mark teve uma grande
surpresa, Katherine esperava por ele. Estava tão surpreso por vê-la que não
teve reação, caminhou até ela.
Katherine sorriu para ele e então deu um
forte tapa no rosto dele.
Você
é um idiota. – disse Katherine
Bem,
você tem razão, me descul... – disse Mark
Cala
a boca eu ainda não terminei.
...
Você
é um idiota, mas ainda é meu amigo e eu não vou abandonar-te.
Espero
que tenha certeza sobre isso.
Eu
tenho.
Mark então explicou tudo a ela,
envolvendo o demônio conhecido como Icelo, e sobre a situação de Zachary e dos
outros que estavam em coma.
Enquanto caminhavam até a livraria onde
iriam fazer o ritual Mark percebeu que havia ficado calmo, que com ela ao seu
lado se sentia mais esperançoso.
Chegando a livraria Mark começou a preparar
tudo que precisava para o ritual.
Não
precisávamos fazer isso no hospital, próximo das pessoas possuídas? – perguntou
Katherine
Não,
este demônio é diferente, o tipo de possessão que ele faz não é comum, ele toma
o controle das pessoas pelo mundo dos sonhos.
Então
como vai lidar com isso?
Durante
muito tempo eu me perguntei a mesma coisa, como poderia trazê-lo para o nosso
mundo. A verdade é que não encontrei uma resposta.
Nem
pense nisso, é arriscado demais (disse Katherine já supondo o que ele dizer).
Eu
tenho que aproveitar que meu avô não esta aqui, com ele por perto nunca
conseguiria fazer uma loucura como essa. (ele se surpreendeu por agora até
conseguir rir e fazer piada sobre isso, ela trazia muita paz para ele)
Você
não vai ter chance contra ele nos domínios dele.
Eu
sei, você esta certa, mas o único ritual que encontrei foi este.
Tudo
bem, nada do que eu diga vai te fazer mudar de ideia, só prometa que vai voltar
bem.
Eu
também não gosto da ideia, mas não tenho mais nada, é minha única chance, eu tenho
de ir atrás dele no mundo dos sonhos.
Gostei cara, mas vc precisa melhorar sua pontuação.
ReplyDeleteA história está me chamando a atenção e... de boa, as vezes eu quero esfregar a cara do Mark no asfalto, amo ele!
Essa história está ficando cada vez mais interessante! Quando eu menos esperava, já tinha acabado o capítulo.
ReplyDeleteUfa, ainda bem que o avô dele não morreu. Cheguei a pensar no capítulo anterior que infelizmente ele tinha falecido. Mas aparentemente, a situação em que ele está é bem pior do que simplesmente morrer =/
Por um momento, eu fiquei com uma vontade de dar um belo soco na cara do Mark. Mas depois entendi os motivos dele para tratar a Katherine daquela forma, ele não queria que ela se envolvesse nisso e que ela não se machucasse ^^"
Mas achei a atitude dela muito legal, de mesmo ele ter falado aquelas coisas horríveis com ela, a Katherine quis ainda ajudá-lo e ainda aguardou por ele do lado de fora do hospital.
Ainda bem que dessa vez ele não negou ajuda. Afinal, a vida de alguém importante para ele estava em jogo, e ficar de orgulho seria a pior coisa a se fazer no momento.
Espero que saia tudo bem nesse ritual, porque parece que o Icelo é muito poderoso.
Bom, outro excelente capítulo. Está me deixando cada vez mais curiosa para saber o que vai acontecer.
Lerei agora o próximo!