Tuesday 18 June 2013

Capítulo 6 - Quando a noite chega




A sala estava muito escura, todas as janelas fechadas e cobertas por cortinas, apenas uma pequena luz de um abajur iluminava as páginas de um velho livro. Zachary entrou na sala e caminhou em silêncio até perto daquela figura sentada na cadeira, então ergueu o abajur e iluminou o rosto da pessoa, era Mark com o rosto cheio de ferimentos e hematomas.
                                     
Eu encontrei com o diretor da sua escola a pouco tempo, então Mark, por quanto tempo ia tentar esconder de mim as brigas, discussões com professores. – disse Zachary.
Não se preocupe, eu vou cumprir o combinado e terminar a escola, é o meu último ano lá, vou conseguir aguentar. – disse Mark.
E depois, você realmente não pensa em entrar na faculdade, seguir em frente, tentar ter um vida.
Pare com essa bobagem, isso é estupidez, eu não vou desperdiçar meu tempo com isso.
Não é desperdiçar, é tentar ter uma vida normal, era isso que seu pai iria querer.
Cale a boca, você não sabe o que ele ia querer para mim, e mesmo que fosse isso não importa mais, ele não esta mais aqui, ele esta no inferno, eu o mandei para lá lembra.
Pare de se culpar por isso, não vai mudar nada, será que tudo que viu com a Katherine não conseguiu te mudar nada. Eu cheguei a pensar que fez tanto esforço para salvá-la porque ela te lembrava um pouco a você mesmo.
Você esta errado sobre isso, esta errado sobre tudo, eu sou apenas um grande egoísta que quer ferrar com o maior número possível de demônios, eu quero que eles saibam disso e que esperem ansiosos por mim no inferno.
O que diabos há de errado com você, quer mesmo desistir de tudo e se entregar, eu não vou deixar isso acontecer, não enquanto eu estiver vivo.
Eu sou agradecido pelo que você tem feito por mim, mas pode parar, tem um limite para até aonde se vai por peso na consciência remorso, nós não somos nada um do outro, você nem é meu avô de verdade, então pare de fingir que se importa.

Neste momento Zachary se senta em uma cadeira e baixa a cabeça, Mark sabe que falou algo que não devia, que não foi longe demais, mas não consegue dizer nada, apenas se levanta e sai, precisa de ar. Então ele encontra Katherine na porta, pela expressão dela ele sabe que ela ouviu parte da conversa, passa por ela sem dizer nada.
Zachary desce as escadas e vê Katherine lá, ela percebe ele um pouco abatido, mas ele diz que ela não precisa se preocupar, entrega a ela alguns curativos e pede que vá falar com Mark.
Depois de pensar um pouco logo ela soube onde ele estaria, naquele bosque, perto daquela árvore, o primeiro lugar onde se encontraram. Ela estava certa, e encontrou-o lá.

Tudo bem Mark? – perguntou Katherine.
Acho que sim, só o de sempre, eu sempre autodestrutivo. – disse Mark.
Eu fui até a sua casa para saber como você estava, na escola soube que brigou contra três pessoas.
Sim, devia ter previsto que aqueles idiotas atacariam juntos, mas até que não apanhei muito.
Por que você começou isso?
Eu estava entediado, e apenas ataquei antes de virar alvo. Você sabe garoto novo, meio estranho, eles logo viriam até mim, então pensei em me adiantar, brigo duas ou três vezes com ele e eles desistem, já aconteceu várias vezes.
Então você sempre fica a se mudar?
Desde que meus pais se foram, ( diz com a voz embargada) faz uns dois anos. O Zachary achou que era o melhor para nós, fugir um pouco, tentar se manter longe de problemas até planejar o próximo passo.(Tentar encontrar uma solução para mim – ele pensou mas não teve coragem de dizer)
Sabe, vocês estavam a discutir, eu não pude deixar de ouvir o final da conversa, você disse que ele não era seu avô.
É verdade, o filho dele era amigo do meu pai, quando o filho dele morreu isso aproximou meu pai e ele.
O filho dele, seus pais, todos eles foram mortos por demônios não é?
Sim.
Então vocês vieram para cá uma cidade pequena para tentar ficar longe de tudo e tiveram que se meter de novo com isso por minha causa.
Não se culpe, se não fosse por você seria por outra pessoa, há certas coisas das quais não se pode fugir.
Era por isso que estavam a discutir, porque ele quer não quer que você desista?
Ele quer que eu esqueça isso e tente ter uma vida normal, mas não tenho muito tempo, não vou fingir que posso ser uma pessoal comum, já vi e fiz coisas demais, isso muda você por dentro.

Katherine não sabia o que dizer, não conseguia imaginar o que Mark estava sentindo, pelo que estava passando. Um longo silêncio se seguiu, até que ela se lembrou dos curativos que trazia na bolsa, pediu para Mark se sentar e começou a colocá-los no rosto dele. Por alguns segundos o rosto deles ficou próximo, eles se olharam nos olhos, ele percebeu que ela queria ver dentro dele, que ele se abrisse, teve medo do que ela iria ver, então fugiu.

Se soubesse que receberia todo esse cuidado, levaria mais surras e brigaria mais com meu avô. – disse Mark
Até logo Mark, estou indo embora, se cuida. – disse Katherine.

A cabeça dele estava a ponto de explodir, queria ir atrás dela, queria se desculpar com seu avô, mas haviam coisas mais importantes acontecendo. Há alguns dias Mark vinha sentindo alguma coisa, maus pressentimentos que se tornavam cada vez mais fortes, era algo grande o que estava por vir, seus problemas pessoais tinham que ficar em segundo plano.  Então o celular dele toca, era seu avô ligando para ele.

Me desculpe, você sabe que eu não quis dizer aquilo. – disse Mark
Não é hora para isso, por quanto tempo você ia esconder isso de mim, mas sim aceito suas desculpas. – disse Zachary
Eu não estava escondendo, só queria ter certeza de tudo antes de falar, podia ser um alarme falso.
Agora temos certeza que não é, quatro pessoas, já são quatro pessoas no hospital em coma.
Um demônio esta fazendo isso?
Ainda não sei bem como esta a fazer isso, mas sim é um demônio, tem algo a ver com pesadelos, ele ataca as pessoas enquanto estão dormindo.
Como você sabe disso?
Nem todos têm a sua sensibilidade, existem outras formas de perceber essas coisas, prestando atenção nas pessoas por exemplo. Por toda a cidade as pessoas têm falado sobre horríveis pesadelos, na farmácia já não há mais comprimidos para dormir.
Isso não é coisa de um demônio qualquer, para fazer isso é algum muito poderoso.
Há outra questão ainda mais preocupante, um demônio que age dessa forma poderia ficar anos a fazer isso numa grande cidade ou indo de cidade em cidade sem ser notado, é um padrão muito difícil de perceber, mas preferiu vir para uma cidade pequena onde isso podia ser notado mais facilmente.
Talvez ele queira ser notado.
Ou alguém o chamou até aqui.

Mark desligou o telefone, estava claro que o que estavam a enfrentar agora era totalmente diferente de antes, em Katherine estava um demônio de baixo nível, este era bastante poderoso, pensou em dar uma volta pela cidade, tentar encontrar algum vestígio ou rastro do demônio, mas logo percebeu que aquilo era inútil, até agora ele tinha conseguido ocultar sua presença.
Pensou em ir até o hospital e fazer uma visita a uma das vítimas, talvez isso o ajudasse a descobrir com quem estava lidando, se estavam possuídas ou a ser controladas de outra forma, mas teve que desistir da ideia, era uma cidade pequena, todos se conheciam, não iriam deixar um estranho como ele entrar e ver os pacientes.
 Por mais que ainda quisesse evitar aquilo, procurar uma desculpa melhor, algo para dizer ao seu avô, alguma coisa que pudesse consertar tudo, o melhor a fazer era realmente ir para casa e continuar o que estava a fazer antes, pesquisar nos velhos livros e tentar encontrar alguma pista que o ajudasse a descobrir que estava enfrentando.
No caminho de volta para casa viu outra ambulância, entendeu logo que era outra pessoa que havia entrado em coma, o demônio conseguiu agir livremente por muito tempo, e agora vítimas não paravam de aparecer e a cada dia aumentariam mais.
Então Mark percebeu o óbvio, o real motivo de seu avô ter percebido tudo isso, enquanto se culpava e repetia para si mesmo o quanto havia cego e idiota por não ter notado antes, corria o mais rápido que podia, em pouco tempo chegou a casa, mas já era tarde demais.
Quando abriu a porta a primeira coisa que viu foi o corpo de seu avô caído no chão.


2 comments:

  1. Hey, você está melhorando!
    Mas eu ainda recomendo um professor de redação ou uma pilha(BEM GRANDE) de livros, ai sim sua escrita será perfeita!
    A história é fantástica mas da pra se perder nos diálogos muito grandes.
    Só isso dessa vez!

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  2. Mark tem um jeitão de ser um pouco rebelde, mas não imaginei que ele caçaria briga contra três caras ao mesmo tempo... Mas é como ele mesmo falou, não apanhou tanto assim XD
    Fiquei surpresa de saber que o Zachary não é avô de verdade do Mark, por todo o cuidado que ele tem com o garoto. Mas pensando bem, não há necessidade de ter relação sanguínea para ter laços paternais, fraternais e etc.
    Um demônio que ataca através do sonho? Gente, acho que o Mark terá um grande trabalho, porque pelo o que deu a entender, ele ataca muitas pessoas ao mesmo tempo.
    Parece que os pressentimentos ruins que ele tinha estavam corretos... Ele acabou de perder o avô >_< Fico imaginando se foi esse mesmo demônio que ataca os sonhos ou se foi outro... Ou na pior das hipóteses, um humano e.e
    Enfim, esse capítulo está ótimo! Notei que agora tem usado um travessão antes das falas, parabéns!
    Agora poderei voltar a acompanhar sua fic. Peço desculpas por ficar muito tempo sem comentar e ler... Estou tentando colocar todas as fics que leio em dia ^^
    Vou agora ler o próximo :3

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