A sala estava muito escura, todas as
janelas fechadas e cobertas por cortinas, apenas uma pequena luz de um abajur
iluminava as páginas de um velho livro. Zachary entrou na sala e caminhou em
silêncio até perto daquela figura sentada na cadeira, então ergueu o abajur e
iluminou o rosto da pessoa, era Mark com o rosto cheio de ferimentos e
hematomas.
Eu
encontrei com o diretor da sua escola a pouco tempo, então Mark, por quanto
tempo ia tentar esconder de mim as brigas, discussões com professores. – disse
Zachary.
Não
se preocupe, eu vou cumprir o combinado e terminar a escola, é o meu último ano
lá, vou conseguir aguentar. – disse Mark.
E
depois, você realmente não pensa em entrar na faculdade, seguir em frente,
tentar ter um vida.
Pare
com essa bobagem, isso é estupidez, eu não vou desperdiçar meu tempo com isso.
Não
é desperdiçar, é tentar ter uma vida normal, era isso que seu pai iria querer.
Cale
a boca, você não sabe o que ele ia querer para mim, e mesmo que fosse isso não
importa mais, ele não esta mais aqui, ele esta no inferno, eu o mandei para lá
lembra.
Pare
de se culpar por isso, não vai mudar nada, será que tudo que viu com a
Katherine não conseguiu te mudar nada. Eu cheguei a pensar que fez tanto
esforço para salvá-la porque ela te lembrava um pouco a você mesmo.
Você
esta errado sobre isso, esta errado sobre tudo, eu sou apenas um grande egoísta
que quer ferrar com o maior número possível de demônios, eu quero que eles
saibam disso e que esperem ansiosos por mim no inferno.
O
que diabos há de errado com você, quer mesmo desistir de tudo e se entregar, eu
não vou deixar isso acontecer, não enquanto eu estiver vivo.
Eu
sou agradecido pelo que você tem feito por mim, mas pode parar, tem um limite
para até aonde se vai por peso na consciência remorso, nós não somos nada um do
outro, você nem é meu avô de verdade, então pare de fingir que se importa.
Neste momento Zachary se senta em uma
cadeira e baixa a cabeça, Mark sabe que falou algo que não devia, que não foi
longe demais, mas não consegue dizer nada, apenas se levanta e sai, precisa de
ar. Então ele encontra Katherine na porta, pela expressão dela ele sabe que ela
ouviu parte da conversa, passa por ela sem dizer nada.
Zachary desce as escadas e vê Katherine
lá, ela percebe ele um pouco abatido, mas ele diz que ela não precisa se
preocupar, entrega a ela alguns curativos e pede que vá falar com Mark.
Depois de pensar um pouco logo ela soube
onde ele estaria, naquele bosque, perto daquela árvore, o primeiro lugar onde
se encontraram. Ela estava certa, e encontrou-o lá.
Tudo
bem Mark? – perguntou Katherine.
Acho
que sim, só o de sempre, eu sempre autodestrutivo. – disse Mark.
Eu
fui até a sua casa para saber como você estava, na escola soube que brigou
contra três pessoas.
Sim,
devia ter previsto que aqueles idiotas atacariam juntos, mas até que não
apanhei muito.
Por
que você começou isso?
Eu
estava entediado, e apenas ataquei antes de virar alvo. Você sabe garoto novo,
meio estranho, eles logo viriam até mim, então pensei em me adiantar, brigo
duas ou três vezes com ele e eles desistem, já aconteceu várias vezes.
Então
você sempre fica a se mudar?
Desde
que meus pais se foram, ( diz com a voz embargada) faz uns dois anos. O Zachary
achou que era o melhor para nós, fugir um pouco, tentar se manter longe de
problemas até planejar o próximo passo.(Tentar encontrar uma solução para mim –
ele pensou mas não teve coragem de dizer)
Sabe,
vocês estavam a discutir, eu não pude deixar de ouvir o final da conversa, você
disse que ele não era seu avô.
É
verdade, o filho dele era amigo do meu pai, quando o filho dele morreu isso
aproximou meu pai e ele.
O
filho dele, seus pais, todos eles foram mortos por demônios não é?
Sim.
Então
vocês vieram para cá uma cidade pequena para tentar ficar longe de tudo e
tiveram que se meter de novo com isso por minha causa.
Não
se culpe, se não fosse por você seria por outra pessoa, há certas coisas das
quais não se pode fugir.
Era
por isso que estavam a discutir, porque ele quer não quer que você desista?
Ele
quer que eu esqueça isso e tente ter uma vida normal, mas não tenho muito
tempo, não vou fingir que posso ser uma pessoal comum, já vi e fiz coisas
demais, isso muda você por dentro.
Katherine não sabia o que dizer, não
conseguia imaginar o que Mark estava sentindo, pelo que estava passando. Um
longo silêncio se seguiu, até que ela se lembrou dos curativos que trazia na
bolsa, pediu para Mark se sentar e começou a colocá-los no rosto dele. Por alguns
segundos o rosto deles ficou próximo, eles se olharam nos olhos, ele percebeu
que ela queria ver dentro dele, que ele se abrisse, teve medo do que ela iria
ver, então fugiu.
Se
soubesse que receberia todo esse cuidado, levaria mais surras e brigaria mais
com meu avô. – disse Mark
Até
logo Mark, estou indo embora, se cuida. – disse Katherine.
A cabeça dele estava a ponto de
explodir, queria ir atrás dela, queria se desculpar com seu avô, mas haviam
coisas mais importantes acontecendo. Há alguns dias Mark vinha sentindo alguma
coisa, maus pressentimentos que se tornavam cada vez mais fortes, era algo
grande o que estava por vir, seus problemas pessoais tinham que ficar em
segundo plano. Então o celular dele
toca, era seu avô ligando para ele.
Me
desculpe, você sabe que eu não quis dizer aquilo. – disse Mark
Não
é hora para isso, por quanto tempo você ia esconder isso de mim, mas sim aceito
suas desculpas. – disse Zachary
Eu
não estava escondendo, só queria ter certeza de tudo antes de falar, podia ser
um alarme falso.
Agora
temos certeza que não é, quatro pessoas, já são quatro pessoas no hospital em
coma.
Um
demônio esta fazendo isso?
Ainda
não sei bem como esta a fazer isso, mas sim é um demônio, tem algo a ver com
pesadelos, ele ataca as pessoas enquanto estão dormindo.
Como
você sabe disso?
Nem
todos têm a sua sensibilidade, existem outras formas de perceber essas coisas,
prestando atenção nas pessoas por exemplo. Por toda a cidade as pessoas têm
falado sobre horríveis pesadelos, na farmácia já não há mais comprimidos para
dormir.
Isso
não é coisa de um demônio qualquer, para fazer isso é algum muito poderoso.
Há
outra questão ainda mais preocupante, um demônio que age dessa forma poderia
ficar anos a fazer isso numa grande cidade ou indo de cidade em cidade sem ser
notado, é um padrão muito difícil de perceber, mas preferiu vir para uma cidade
pequena onde isso podia ser notado mais facilmente.
Talvez
ele queira ser notado.
Ou
alguém o chamou até aqui.
Mark desligou o telefone, estava claro
que o que estavam a enfrentar agora era totalmente diferente de antes, em
Katherine estava um demônio de baixo nível, este era bastante poderoso, pensou
em dar uma volta pela cidade, tentar encontrar algum vestígio ou rastro do
demônio, mas logo percebeu que aquilo era inútil, até agora ele tinha
conseguido ocultar sua presença.
Pensou em ir até o hospital e fazer uma
visita a uma das vítimas, talvez isso o ajudasse a descobrir com quem estava
lidando, se estavam possuídas ou a ser controladas de outra forma, mas teve que
desistir da ideia, era uma cidade pequena, todos se conheciam, não iriam deixar
um estranho como ele entrar e ver os pacientes.
Por
mais que ainda quisesse evitar aquilo, procurar uma desculpa melhor, algo para
dizer ao seu avô, alguma coisa que pudesse consertar tudo, o melhor a fazer era
realmente ir para casa e continuar o que estava a fazer antes, pesquisar nos
velhos livros e tentar encontrar alguma pista que o ajudasse a descobrir que
estava enfrentando.
No caminho de volta para casa viu outra
ambulância, entendeu logo que era outra pessoa que havia entrado em coma, o
demônio conseguiu agir livremente por muito tempo, e agora vítimas não paravam
de aparecer e a cada dia aumentariam mais.
Então Mark percebeu o óbvio, o real
motivo de seu avô ter percebido tudo isso, enquanto se culpava e repetia para
si mesmo o quanto havia cego e idiota por não ter notado antes, corria o mais
rápido que podia, em pouco tempo chegou a casa, mas já era tarde demais.
Quando abriu a porta a primeira coisa
que viu foi o corpo de seu avô caído no chão.
Hey, você está melhorando!
ReplyDeleteMas eu ainda recomendo um professor de redação ou uma pilha(BEM GRANDE) de livros, ai sim sua escrita será perfeita!
A história é fantástica mas da pra se perder nos diálogos muito grandes.
Só isso dessa vez!
Mark tem um jeitão de ser um pouco rebelde, mas não imaginei que ele caçaria briga contra três caras ao mesmo tempo... Mas é como ele mesmo falou, não apanhou tanto assim XD
ReplyDeleteFiquei surpresa de saber que o Zachary não é avô de verdade do Mark, por todo o cuidado que ele tem com o garoto. Mas pensando bem, não há necessidade de ter relação sanguínea para ter laços paternais, fraternais e etc.
Um demônio que ataca através do sonho? Gente, acho que o Mark terá um grande trabalho, porque pelo o que deu a entender, ele ataca muitas pessoas ao mesmo tempo.
Parece que os pressentimentos ruins que ele tinha estavam corretos... Ele acabou de perder o avô >_< Fico imaginando se foi esse mesmo demônio que ataca os sonhos ou se foi outro... Ou na pior das hipóteses, um humano e.e
Enfim, esse capítulo está ótimo! Notei que agora tem usado um travessão antes das falas, parabéns!
Agora poderei voltar a acompanhar sua fic. Peço desculpas por ficar muito tempo sem comentar e ler... Estou tentando colocar todas as fics que leio em dia ^^
Vou agora ler o próximo :3