Saturday 1 November 2014

Capítulo 77 - Consumido pelo ódio




Icelo despertou de seus devaneios, ele sabia o quanto era perigoso vagar pelo passado, lá existem coisas que podem ferir, coisas que não podem ser desfeitas, significa apenas reviver todas as suas derrotas.

Agora mais do que nunca ele precisava olhar para frente, avançar, o tempo estava se esgotando, como alguém que usa demais uma droga ele começava a também se tornar imune a sonhos, provavelmente nem conseguiria retornar ao reino dos sonhos nesse estado. Ele precisava acelerar seu plano.

Já tendo recolhidos almas o suficiente com as que coletou nos círculos protegidos por Orobas, Berith, Asmodeus e agora Amon, além das que pegaria no círculo de Paimon.

Esta seria sua próxima jogada, ir até o quinto círculo onde Dante e Paimon lutavam, ele precisava saber se Dante era confiável para a missão que desempenharia a seguir.

No quinto círculo Paimon emergia do meio do magma, suas asas e todo o seu corpo ganhavam uma cor semelhante a da lava, a espada que ele segurava em sua mão direita, Sulphur, dava-lhe agora poderes para controlar todo aquele ambiente.

Paimon fazia movimentos verticais com a espada, e o rio de fogo ao redor deles respondia, por todos os lados Dante via-se atacado, com dificuldade se esquivava dos ataques, ate que viu sair do meio do fogo o próprio Paimon, que o atacou com a espada lhe fazendo um corte no braço.

Dante suava abundantemente, a aura de energia em torno do seu corpo o protegia do calor, mas mesmo assim os efeitos eram pesados, ele gastava cada vez mais energia apenas para proteger seu corpo.

De todos os lados os ataques vinham, eram ondas que o atingiam e o atiravam contra as rochas, e às vezes Paimon atacava em conjunto causando ainda mais dano.

Nesse momento Icelo surge no quinto círculo, assiste Dante em desvantagem na luta, sendo lentamente torturado por Paimon. Não, não era tortura, era simplesmente porque o anjo caído ainda não conseguia vencer o humano.

Seus sentimentos bem como seus poderes ainda estavam instáveis, Dante ainda não controlava aquilo por completo, e era dessa desvantagem que Paimon se aproveitava agora, aqueles ataques minavam aos poucos a energia de Dante, ate que ele finalmente sucumbisse.

O demônio dos sonhos podia ter atacado Paimon, mas não o fez, ele precisava saber se Dante conseguiria vencê-lo e dominar esta nova força, porque se não pudesse vencer aqui seria inútil para o objetivos dele. No momento Dante era como uma criança aprendendo as regras de um jogo, ainda não sabia todo o potencial que tinha. Então ele apenas ocultou sua presença e permaneceu lá, como mero espectador da contenda.

Paimon atacava de todas as direções com o magma, Dante resistia, mas começava a vacilar, foi quando ele preparou-se para o golpe final, cravando a espada no peito dele, em seguida atirando seu corpo em direção ao fundo do rio.

A luta havia terminado, Dante tinha sido derrotado, mas Icelo não era bom em aceitar o rumo natural das coisas, principalmente quando não coincidiam com sua vontade.  Enquanto o corpo do humano era atirado em direção ao rio, com ele no limiar da perda de consciência, uma palavra foi sussurrada pelo demônio dos sonhos, e ela mudou todo o resultado da luta: Zachary.

Caído no fundo do rio, com o magma quase a destruir a aura protetora e em seguida corroer todos os seus ossos Dante pensava naquele nome que tinha ouvido. O que significava? Por que fazia seu peito doer?

Como flashes as memórias voltam, ele vê imagens confusas que como peças de um quebra-cabeças vão aos poucos encaixando-se. Ele tinha se tornado uma besta que apenas odiava, sequer se lembrava do motivo daquilo, mas agora ele tinha recuperado a clareza. E ele definitivamente não sucumbiria naquele lugar.

Paimon respirava pesadamente, demonstrava cansaço, tinha usado muita energia para enfrentar Dante, pensava ter sido capaz de vencer, não poderia estar mais enganado.

O rio de fogo divide-se em dois, criando um caminho pelo qual caminhava Dante, seus olhos tinha recuperado a íris, ele estava no comando de novo.

Imediatamente o anjo caído prepara-se para outra investida, esmagaria aquele humano com todo o fogo do inferno, mas o poderoso ataque nada causou. Dante apenas aumentou sua aura de modo a afastar o fogo.

Enquanto Paimon ficou por alguns segundos espantado com aquilo Dante avançou em direção a ele, uma serie de socos no estomago que o fizeram vomitar sangue, quando ele curvou seu corpo pela dor, sua cabeça foi segurada e atirada em direção ao magma.

A fúria de Paimon se mistura com seu orgulho ferido, ele decide que tem de vencer, mesmo que signifique sua morte, com sua espada ele se corta e começa a sangrar, misturando seu sangue com aquele fogo profano, nasce então um enorme monstro de fogo, uma besta com chifres, semelhante a um minotauro.

A besta fazia tudo ao seu redor tremer, Icelo que ate então estava apenas sentado observando ficou de pé e se preparou para um eventual combate.

Enfrente todo o ódio acumulado no inferno, esse monstro nasceu de todo o ressentimento e rancor dos condenados, meu sangue deu vida a ele, e quanto mais disso ele tiver mais forte se tornará. Beba tudo, ofereço meu sangue e minha vida ao ódio. – gritava Paimon, enquanto se cortava e sangrando mais aumentava a força do monstro

Cada golpe dele fazia Dante sentir como se uma montanha o esmagasse, usando toda sua força ele resistiu ao primeiro ataque, mas o segundo o atirou longe. Ele cuspia sangue, seu corpo todo doía, ele observava o monstro gigantesco e se perguntava se seria capaz de vencê-lo.

O monstro de fogo disparava dezenas de raios de fogo, Dante rodopiava entre eles esquivando-se, aproximou-se o suficiente para disparar uma esfera de energia contra a criatura, decepando-lhe o braço. Mas logo a besta se refez, antes que tocasse o solo fortes chamas envolveram o braço, religando-o ao corpo.

A imagem de Paimon mostrava como ele estava fraco, ficando pálido com a perda de sangue, e mesmo assim a criatura queria mais como tributo. Aquelas chamas de ódio nunca se extinguiriam ate destruir Paimon e todos ao seu redor, o corpo dele apenas flutuava dentro da besta.

Tanto rancor e magoa acumulados quando liberados não poderiam mais ser contidos, Paimon tinha desistido de sua vida para derrubar Dante.

Por mais que Dante atacasse o monstro não sentia os ataques, eles eram incapazes de feri-lo ou derruba-lo. Foi então que ele percebeu o que aquilo significava, como personificação do ódio, atacá-lo de volta não resolveria nada, era preciso apenas aguentar os ataques, o deixar descarregar tudo aquilo.

Neste momento Icelo se manifesta na frente de Dante, provando que sua decisão era acertada, que aquela luta havia terminado, agora aquela criatura apenas destruiria tudo ao seu redor ate consumir totalmente Paimon.

Vamos embora, posso nos tirar daqui, já deve ter percebido que esta luta tornou-se inútil. – disse Icelo
Foi uma luta sem vencedor, isso me incomoda, sinto como se estivesse a fugir. – respondeu Dante
– Não seja tolo, não temos tempo para idealismo, você continua vivo, para lutar outra vez, isso para mim significa que venceu.
– O que vai acontecer com ele?
– Deve destruir todo este círculo e em seguida avançar para o seguinte e assim ate ser parado ou a força vital de Paimon se extinguir.
– Não, tem algo que preciso fazer.

Dante avançou em direção a criatura, estava decidido, foi então que cortou o braço e ofereceu seu sangue ao monstro. A criatura o absorveu também. Ele sente todo seu corpo arder e queimar, mas não era como calor normal do fogo. Eram os sentimentos de Paimon. Ele compreendeu todo o ódio que ele sentia, como ele nunca deixaria de sentir aquilo para honrar seus companheiros mortos na guerra. Em meio àquelas chamas ele encontrou Paimon.

Pode descansar, eu aceito seu ódio, o rancor de todos os seus companheiros, todo ressentimento e magoa, eu carregarei isso comigo. Eu herdarei estes sentimentos. Agora acabou, pode descansar em paz. – disse Dante

O corpo do monstro rejeitou Dante, ele agora sabia o que fazer. Controlando sua energia de nephilim ele envolveu seu corpo em energia e atacou a criatura.

Quando os punhos se chocaram o da besta foi destruído, e mais do que isso, não conseguia se recompor, começou uma sequencia de golpes de Dante que mutilavam o corpo da criatura.

No fim restava apenas o corpo de Paimon, completamente branco demonstrando que tinha dado todo seu sangue para aquilo, sem hesitar Dante perfurou o peito dele com o punho matando-o definitivamente.

Icelo estava aborrecido, pela forma como Dante se arriscou e principalmente por ele o ter desobedecido.

Não escutou o que eu disse? Mandei recuar. – disse Icelo
Você não me comanda, eu sigo minha própria vontade. – disse Dante

Dante ainda estava ferido da luta, não tinha se recuperado totalmente, Icelo o acerta com sua bengala no estomago, fazendo o cair no chão de dor. O demônio dos sonhos então pisa na cabeça dele.

Eu te libertei do inferno, eu dei esses poderes, então sim tu me deve, e vai fazer o que eu mandar ate pagar sua divida comigo. – disse Icelo


Longe dali, as portas do palácio de Lúcifer, finalmente Mark chega, vê dezenas de anjos caídos, fieis servidores da Estrela da manhã a frente dele. De repente ele para porque sente outra presença, ao olhar par trás vê Simone, que esta carregando Sallos. Quase que ao mesmo tempo surgem também Icelo e Dante, os cinco chegaram ao seu objetivo.   

2 comments:

  1. Brutal, fantástico, já nem sei que mais dizer, este foi dos melhores capítulos desta história, já nem cabe num Top 5 xD Sério isto está brutal, desde o episódio 50 que a historia só evolui e já vamos em 17 capítulos desde esse marco, a luta dos dois foi fantástica, Dante fora derrotado, mas o nome de Zachary gritou na sua mente por causa de Icelo e ele voltou à ação, Paimon já não tinha como vencer e criou uma besta destruidora que levava tudo á frente. icelo bem tntou que Dante parasse de combater, mas este não o ouviu e finalizou Paimon, simplesmente incrível, você fez aquela que pode ser a melhor de toda a fic, talvez empatado com a de Dante com... Asmodeus(?) Não me lembro dos nomes sinceramente, mas sei que adorei aquela luta e se tivesse de escolher entre as duas ficaria muito dividida.
    Por fim eles chegam ao palacio de Lucifer, como dizia o outro, agora o bicho vai pegar, estou anciosa para ver o que vem ai e principalmente para ver as reações deles ao facto de Zachary já não estar com eles. Parabéns pelo capítulo.

    ReplyDelete
  2. Parece que o Icelo adora assistir uma boa luta/treta XD Na maioria das vezes está no local apenas como um espectador...
    Cara, se não fosse pela "palavra mágica" que Icelo disse na mente do Dante, acho que infelizmente ele não teria aguentado a luta. Ainda bem que conseguiu voltar a si antes que as coisas piorassem. Realmente, Icelo não me parece um anjo caído que se conformaria quando seus planos não saíssem do modo que queria, acabou que foi uma boa ajuda.
    Eu tenho um pouco de dó do Paimon, ele enlouqueceu em meio a tanto ódio... Achei legal por parte do Dante de aceitar todos aqueles sentimentos ruins que o anjo caído carregava consigo, até porque o que parece que faz o Dante forte e o move é justamente o ódio... Mas quem parece não ter ficado muito feliz com a pequena "desobediência" foi o Icelo. Bom, estou ansiosa para ver quais são os planos que Icelo tem e onde que Dante entra nisso...
    Parece que agora que a treta vai ficar realmente séria... O grupo se reencontrou na entrada do palácio de Lucifer, mas não há sinal nenhum de Zachary... Espero que essa perda não desestruture o grupo.
    Esse capítulo foi excelente! Gostei muito do desfecho que deu para a luta entre Dante e Paimon, foi uma das mais intensas da fic. As cenas de ação estão bem legais. Enfim, estarei aguardando pelo próximo!

    ReplyDelete