Pela encosta subiam duas dezenas de
homens, soldados da Vama Marga, e entre eles o próprio Ravel, se dirigiam ate a
casa onde estavam Mark e os outros. Contudo, ao chegar ate a entrada da casa
todos eles pararam, em pé guardando a porta estava o antigo líder deles,
Strauss.
Aquele homem velho ainda possuía uma
presença bastante intimidadora, no passado tinha sido conhecido como um dos
mais fortes guerreiros da organização, mas sua dedicação total a causa, o fato
de nunca ter hesitado, alem de um brilhante estrategista militar foram o que o
fizeram ser elevado ao posto de líder, o mais jovem da historia, sendo agora
superado por Ravel.
Strauss mostrava uma expressão serena,
era possível ver nele o cansaço da idade, o peso dos anos o fazia se curvar e
parecer frágil. Entretanto as lendas e historias sobre ele faziam com que todos
o temessem, o homem que no passado foi conhecido como “Aquele que oferece
sangue a Deus”, havia ganhado este título em uma missão onde sozinho conseguiu
matar mais de dez demônios.
Havia feito tudo isso usando apenas os
punhos, sua habilidade especial era conseguir projetar sua alma como uma aura
que envolvia seu corpo, tornando seus socos e chutes tremendamente poderosos e
devastadores.
Quebrando o silêncio Strauss perguntou a
Ravel se algum daqueles homens sabia o que havia acontecido ao conselho, ele
respondeu que não.
Strauss então meneou a cabeça, disse que
lamentava isso, que agora teria que se conter ao lutar para apenas quebrar apenas
alguns ossos e tentaria não matar nenhum deles, apesar de não poder prometer
isso porque podia se descontrolar durante o calor da batalha.
Tentando se aproveitar da conversa de
Strauss com Ravel três dos soldados tentarão uma investida para invadir a casa,
o objetivo principal da missão era capturar o ex-comandante e matar Mark Kroos.
Em instante Strauss os alcançou e com um
golpe para casa os derrubou, mas do que isso, estavam incapacitados de lutar,
inconscientes e com ferimentos severos no corpo, a força dele era assustadora.
Ninguém exceto Ravel percebeu o que
havia acontecido, Strauss direcionou sua energia espiritual para as pernas e
com isso conseguiu se mover em uma velocidade além dos limites de um ser humano
normal, em seguida impulsionou esta energia para os punhos sendo capaz de dar
um golpe capaz de nocautear cada um dos três.
Com o pé Strauss fez um marca no chão,
dizendo que qualquer um que a atravessasse ele consideraria inimigo e atacaria,
que não iria permitir que ninguém entrasse na casa, não enquanto ele estivesse
vivo.
Com atenção Ravel observava os
movimentos de Strauss, com esse ataque contra os três soldados ele já começava
a suar. Era evidente que já estava debilitado antes mesmo da luta começar.
Strauss havia gastado muita energia e
sangue para conseguir conter Mark, além de rituais de proteção para ele, mesmo
com toda sua força ele duvidava que pudesse vencer Ravel, mas como estava sabia
que era impossível, seu objetivo era apenas atrasá-lo e dar tempo a Mark e os
outros.
Não, essa não era toda a verdade, no
fundo Strauss fazendo aquilo por outra razão. Ele queria uma última chance para
conversar com Ravel, porque reconhecia a si mesmo olhando para ele.
Ravel era exatamente como Strauss quando
tinha aquela idade, ambicioso, arrogante e idealista o suficiente para ser
capaz de fazer qualquer coisa pelo que acreditava, não importando que
sacrifícios devessem ser feitos para isso. Era por isso que Strauss sabia
exatamente qual era o objetivo final de Ravel, a Tamachi Bakudan.
Com as ordens de Ravel mais soldados
avançaram em direção a Strauss, com a mesma técnica de antes ele contra
golpeava derrubando a todos, em minutos já haviam mais sete no chão.
Achei
que pediria um acordo, clemência, perdão pelos seus crimes, havia se
arrependido da loucura que cometeu ao trair a organização e voltaria para nós.
Por isso havia entregado o local onde estavam se escondendo. Mas já que este
não é o caso, por que nos chamou aqui? – perguntou Ravel
Porque
você é igual a mim. Como vários outros membros da organização você é um órfão,
sua família foi morta por demônios que buscavam sua alma que possuía uma força
especial, você é um dos Bem-Aventurados ... disse Strauss
–
Se veio falar sobre o passado não estou interessado, nada que diga vai me fazer
mudar de ideia.
–
Eu sei o grande ódio que você nutre no coração, quando você perde tudo se torna
vazio, mas as pessoas não suportam o vazio, ele tem que ser preenchido com
alguma coisa, você escolheu colocar rancor. Mas isso não vai mudar nada.
–
Cale a boca! Você não sabe de nada, eu sinceramente o respeitava como líder,
estava disposto a deixa-lo viver apesar da sua traição. Strauss, sua vida seria
útil ao mundo depois que eu terminasse minha missão.
–
Eu sabia, você pretende morrer, já desistiu de sua vida, vai mesmo tentar
realizar a Tamachi Bakudan.
–
Como esperado do ex-líder da Vama Marga, já conhece esta magia.
–
Esta enganado, não a conheço por ter sido líder da organização, a conheço por
já ter tentado realizá-la.
–
Então me ajude a terminá-la dessa vez, depois que eu a realizar deixarei você
para proteger o mundo, eu me sacrificarei para isso. Eu farei o que você não
foi capaz, eu não serei covarde.
–
Não foi o medo que me impediu que me impediu de terminar a magia, foi meu
coração. Quando estava prestes a terminar uma imagem veio a minha mente,
Caroline, a mulher que eu amava. Eu descobri que não poderia sacrificá-la, que
não poderia destruir o mundo que ela tanto amava, que mesmo que salvasse o
mundo com isso o preço seria alto demais, não valeria a pena.
–
Se deixou levar por sentimentos estúpidos, falhou com seu dever com a
organização e com todos, podia ter aliviado tanta dor e sofrimento, posto fim a
essa maldita guerra.
–
Eu estava como você Ravel, meu ódio me cegou, estava perdendo minha humanidade,
mas ela conseguiu me fazer reencontrá-la. Eu percebi que nós que perdemos tudo
podemos preencher o vazio não com ódio e rancor, mas com amor e esperança. Cada
vida é preciosa, não temos o direito de tomá-la, essa pessoa é o mundo daqueles
que a amam. São estes os mundos que devemos salvar, a vida de cada pessoa.
–
Devia ter morrido enquanto ainda era jovem Strauss, ficar velho o deixou
estúpido e sentimental. Não existe Deus! E mesmo que existisse eu não poderia
acreditar em um Deus que permite tanta dor no mundo. Estamos sozinhos, cabe a
nós mesmos nos salvar, e se para fazer isso eu tiver que sacrificar algumas
vidas não hesitarei.
–
Eu lamento, é minha culpa, devia ter tentando ajudá-lo antes, mas eu também me
tornei vazio novamente.
Ambos perceberam que não conseguiriam se
entender conversando, que a determinação de cada um deles teria que ser
mostrada com os punhos.
A Tamachi Bakudan era uma bomba feita
usando a energia de almas, uma arma de poder incomparável, que tinha sido
criada como o recurso final da humanidade no caso de o escolhido de Deus para
salvar a humanidade falhar.
Apenas o líder da Vama Marga tinha
acesso aos pergaminhos que permitiam completar o ritual, era algo perigoso
demais, por isso apenas o líder tinha acesso as escrituras.
Tratava-se de concentrar milhares de
almas, ate que energia fosse tão intensa que se tornasse instável e explodisse.
Essa explosão seria capaz de matar ate mesmo arcanjos, com ela acreditavam
poder derrotar Lúcifer e Miguel.
Entretanto, o custo era alto demais,
noventa por cento de todas as almas na terra, todas estas pessoas perderiam a
vida para dar suas almas para a bomba. E aquele que realizasse o ritual deveria
permanecer no centro, sendo o primeiro a ter sua vida tomada.
Este era o objetivo final de Ravel,
tentar usar a bomba para por um fim a guerra que já durava tanto, em nome do
futuro, para garantir paz a humanidade seria necessário exterminar noventa por
cento dela.
Os soldados restantes se afastaram pelo
comando de Ravel, ordenou que eles esperassem, que ele mesmo derrotaria Strauss
e em seguida eles poderiam invadir a casa e matar os outros.
Ravel trazia consigo uma espada, sua
técnica de batalha consistia em expandir sua alma como uma aura, cobrindo a
espada e assim aumentando exponencialmente seu poder de corte.
Aquilo era nostálgico, quando iniciou o
treinamento na organização Ravel demonstrava enorme potencial, mas não
conseguia usar sua força total, ate que foi ajudado por Strauss, que o ensinou
a melhor forma de usar sua alma. Ele o fez descobrir que a espada era a arma
que mais se adequava a ele.
Eles haviam lutado apenas uma vez e
Strauss havia vencido Ravel facilmente, depois disso nunca mais voltaram a se
confrontar, no fundo ambos sabiam que quando tivessem que lutar novamente seria
uma disputa de vida ou morte.
Nesse momento ambos sentiram um grande
choque, era a força de um anjo poderosíssimo se manifestando dentro da casa,
eles tinham sentido a presença de Icelo.
Strauss sorriu, agora estava mais
tranquilo, ele sabia que não conseguiria segurar Ravel por muito tempo.
A decisão final de sua vida tinha sido
acreditar em Mark, dar sua vida para salvá-lo e lhe passar adiante o legado dos
Strauss.
Sem hesitar Strauss iniciou a ofensiva
atacando Ravel.
Começa a batalha entre os membros da Vama Marga, com a fação humana em guerra será quase impossivel se concentrarem para a verdadeira guerra que se avisinha com o ceu e o inferno, pondo assim em risco a vida de Mark que Ravel não quer que exista, mais um bom capitulo mostrando um grupo dividido, Strauss e Ravel irão travar a batalha que pode mudar o destino de Mark.
ReplyDeleteMais um capítulo que veio ame surpreender muito! A princípio, pensei que Strauss era líder da Vama Marga mais pelo fato de ser sábio e ter conhecimento de rituais. Não imaginava que ele pudesse sertão poderoso assim! E olha que ele ainda estava exausto por causa do selo que fez em Mark, mas mesmo assim conseguiu derrubar fácil alguns homens liderados por Ravel...
ReplyDeleteOlha, essa bomba espiritual é bem interessante. Creio que ela estaria usando a essência de Deus que há nesses humanos, não é? É uma pena que teria que sacrificar muitas vidas para que conseguissem executá-la... Será que a bomba teria "critérios" no momento de pegar almas para serem utilizadas?
Discordo do Ravel, não acho o Strauss covarde por ele ter encontrado algo/alguém que o fizesse a "voltar" a ter esperanças. Mas confesso que adoro esses conflitos ideológicos, deixa não só a fic mais rica, mas também dá uma grande profundidade aos personagens.
Creio que o confronto de Strauss e Ravel será algo muito tenso. Por um lado, Ravel é mais jovem e pelo visto está descansado. Por outro, Strauss é mais experiente e poderoso, mas está cansado após fazer o selo em Mark e também está mais de idade. Mas agora ele poderá lutar mais tranquilo, já que conseguiram trazer o Icelo com sucesso.
Como os anteriores, foi outro excelente capítulo. É interessante conhecer habilidades de personagens como Strauss e Ravel, que mesmo sendo humanos, são muito fortes. Creio que Strauss não sobreviva a essa luta, mas imagino que vá dar trabalho para o Ravel XD Estarei aguardando o próximo capítulo!