Wednesday 16 April 2014

Capítulo 49 - Tentando preencher o vazio




Pela encosta subiam duas dezenas de homens, soldados da Vama Marga, e entre eles o próprio Ravel, se dirigiam ate a casa onde estavam Mark e os outros. Contudo, ao chegar ate a entrada da casa todos eles pararam, em pé guardando a porta estava o antigo líder deles, Strauss.
Aquele homem velho ainda possuía uma presença bastante intimidadora, no passado tinha sido conhecido como um dos mais fortes guerreiros da organização, mas sua dedicação total a causa, o fato de nunca ter hesitado, alem de um brilhante estrategista militar foram o que o fizeram ser elevado ao posto de líder, o mais jovem da historia, sendo agora superado por Ravel.
Strauss mostrava uma expressão serena, era possível ver nele o cansaço da idade, o peso dos anos o fazia se curvar e parecer frágil. Entretanto as lendas e historias sobre ele faziam com que todos o temessem, o homem que no passado foi conhecido como “Aquele que oferece sangue a Deus”, havia ganhado este título em uma missão onde sozinho conseguiu matar mais de dez demônios.
Havia feito tudo isso usando apenas os punhos, sua habilidade especial era conseguir projetar sua alma como uma aura que envolvia seu corpo, tornando seus socos e chutes tremendamente poderosos e devastadores.
Quebrando o silêncio Strauss perguntou a Ravel se algum daqueles homens sabia o que havia acontecido ao conselho, ele respondeu que não.
Strauss então meneou a cabeça, disse que lamentava isso, que agora teria que se conter ao lutar para apenas quebrar apenas alguns ossos e tentaria não matar nenhum deles, apesar de não poder prometer isso porque podia se descontrolar durante o calor da batalha. 
Tentando se aproveitar da conversa de Strauss com Ravel três dos soldados tentarão uma investida para invadir a casa, o objetivo principal da missão era capturar o ex-comandante e matar Mark Kroos.
Em instante Strauss os alcançou e com um golpe para casa os derrubou, mas do que isso, estavam incapacitados de lutar, inconscientes e com ferimentos severos no corpo, a força dele era assustadora.
Ninguém exceto Ravel percebeu o que havia acontecido, Strauss direcionou sua energia espiritual para as pernas e com isso conseguiu se mover em uma velocidade além dos limites de um ser humano normal, em seguida impulsionou esta energia para os punhos sendo capaz de dar um golpe capaz de nocautear cada um dos três.
Com o pé Strauss fez um marca no chão, dizendo que qualquer um que a atravessasse ele consideraria inimigo e atacaria, que não iria permitir que ninguém entrasse na casa, não enquanto ele estivesse vivo.
Com atenção Ravel observava os movimentos de Strauss, com esse ataque contra os três soldados ele já começava a suar. Era evidente que já estava debilitado antes mesmo da luta começar.
Strauss havia gastado muita energia e sangue para conseguir conter Mark, além de rituais de proteção para ele, mesmo com toda sua força ele duvidava que pudesse vencer Ravel, mas como estava sabia que era impossível, seu objetivo era apenas atrasá-lo e dar tempo a Mark e os outros.
Não, essa não era toda a verdade, no fundo Strauss fazendo aquilo por outra razão. Ele queria uma última chance para conversar com Ravel, porque reconhecia a si mesmo olhando para ele.
Ravel era exatamente como Strauss quando tinha aquela idade, ambicioso, arrogante e idealista o suficiente para ser capaz de fazer qualquer coisa pelo que acreditava, não importando que sacrifícios devessem ser feitos para isso. Era por isso que Strauss sabia exatamente qual era o objetivo final de Ravel, a Tamachi Bakudan.
Com as ordens de Ravel mais soldados avançaram em direção a Strauss, com a mesma técnica de antes ele contra golpeava derrubando a todos, em minutos já haviam mais sete no chão.

Achei que pediria um acordo, clemência, perdão pelos seus crimes, havia se arrependido da loucura que cometeu ao trair a organização e voltaria para nós. Por isso havia entregado o local onde estavam se escondendo. Mas já que este não é o caso, por que nos chamou aqui? – perguntou Ravel
Porque você é igual a mim. Como vários outros membros da organização você é um órfão, sua família foi morta por demônios que buscavam sua alma que possuía uma força especial, você é um dos Bem-Aventurados ... disse Strauss
– Se veio falar sobre o passado não estou interessado, nada que diga vai me fazer mudar de ideia.
– Eu sei o grande ódio que você nutre no coração, quando você perde tudo se torna vazio, mas as pessoas não suportam o vazio, ele tem que ser preenchido com alguma coisa, você escolheu colocar rancor. Mas isso não vai mudar nada.
– Cale a boca! Você não sabe de nada, eu sinceramente o respeitava como líder, estava disposto a deixa-lo viver apesar da sua traição. Strauss, sua vida seria útil ao mundo depois que eu terminasse minha missão.
– Eu sabia, você pretende morrer, já desistiu de sua vida, vai mesmo tentar realizar a Tamachi Bakudan.
– Como esperado do ex-líder da Vama Marga, já conhece esta magia.
– Esta enganado, não a conheço por ter sido líder da organização, a conheço por já ter tentado realizá-la.
– Então me ajude a terminá-la dessa vez, depois que eu a realizar deixarei você para proteger o mundo, eu me sacrificarei para isso. Eu farei o que você não foi capaz, eu não serei covarde.
– Não foi o medo que me impediu que me impediu de terminar a magia, foi meu coração. Quando estava prestes a terminar uma imagem veio a minha mente, Caroline, a mulher que eu amava. Eu descobri que não poderia sacrificá-la, que não poderia destruir o mundo que ela tanto amava, que mesmo que salvasse o mundo com isso o preço seria alto demais, não valeria a pena.
– Se deixou levar por sentimentos estúpidos, falhou com seu dever com a organização e com todos, podia ter aliviado tanta dor e sofrimento, posto fim a essa maldita guerra.
– Eu estava como você Ravel, meu ódio me cegou, estava perdendo minha humanidade, mas ela conseguiu me fazer reencontrá-la. Eu percebi que nós que perdemos tudo podemos preencher o vazio não com ódio e rancor, mas com amor e esperança. Cada vida é preciosa, não temos o direito de tomá-la, essa pessoa é o mundo daqueles que a amam. São estes os mundos que devemos salvar, a vida de cada pessoa.
– Devia ter morrido enquanto ainda era jovem Strauss, ficar velho o deixou estúpido e sentimental. Não existe Deus! E mesmo que existisse eu não poderia acreditar em um Deus que permite tanta dor no mundo. Estamos sozinhos, cabe a nós mesmos nos salvar, e se para fazer isso eu tiver que sacrificar algumas vidas não hesitarei.
– Eu lamento, é minha culpa, devia ter tentando ajudá-lo antes, mas eu também me tornei vazio novamente.

Ambos perceberam que não conseguiriam se entender conversando, que a determinação de cada um deles teria que ser mostrada com os punhos.
A Tamachi Bakudan era uma bomba feita usando a energia de almas, uma arma de poder incomparável, que tinha sido criada como o recurso final da humanidade no caso de o escolhido de Deus para salvar a humanidade falhar.
Apenas o líder da Vama Marga tinha acesso aos pergaminhos que permitiam completar o ritual, era algo perigoso demais, por isso apenas o líder tinha acesso as escrituras.
Tratava-se de concentrar milhares de almas, ate que energia fosse tão intensa que se tornasse instável e explodisse. Essa explosão seria capaz de matar ate mesmo arcanjos, com ela acreditavam poder derrotar Lúcifer e Miguel.
Entretanto, o custo era alto demais, noventa por cento de todas as almas na terra, todas estas pessoas perderiam a vida para dar suas almas para a bomba. E aquele que realizasse o ritual deveria permanecer no centro, sendo o primeiro a ter sua vida tomada.
Este era o objetivo final de Ravel, tentar usar a bomba para por um fim a guerra que já durava tanto, em nome do futuro, para garantir paz a humanidade seria necessário exterminar noventa por cento dela.
Os soldados restantes se afastaram pelo comando de Ravel, ordenou que eles esperassem, que ele mesmo derrotaria Strauss e em seguida eles poderiam invadir a casa e matar os outros.
Ravel trazia consigo uma espada, sua técnica de batalha consistia em expandir sua alma como uma aura, cobrindo a espada e assim aumentando exponencialmente seu poder de corte.
Aquilo era nostálgico, quando iniciou o treinamento na organização Ravel demonstrava enorme potencial, mas não conseguia usar sua força total, ate que foi ajudado por Strauss, que o ensinou a melhor forma de usar sua alma. Ele o fez descobrir que a espada era a arma que mais se adequava a ele.
Eles haviam lutado apenas uma vez e Strauss havia vencido Ravel facilmente, depois disso nunca mais voltaram a se confrontar, no fundo ambos sabiam que quando tivessem que lutar novamente seria uma disputa de vida ou morte.
Nesse momento ambos sentiram um grande choque, era a força de um anjo poderosíssimo se manifestando dentro da casa, eles tinham sentido a presença de Icelo.
Strauss sorriu, agora estava mais tranquilo, ele sabia que não conseguiria segurar Ravel por muito tempo.
A decisão final de sua vida tinha sido acreditar em Mark, dar sua vida para salvá-lo e lhe passar adiante o legado dos Strauss.

Sem hesitar Strauss iniciou a ofensiva atacando Ravel.

2 comments:

  1. Começa a batalha entre os membros da Vama Marga, com a fação humana em guerra será quase impossivel se concentrarem para a verdadeira guerra que se avisinha com o ceu e o inferno, pondo assim em risco a vida de Mark que Ravel não quer que exista, mais um bom capitulo mostrando um grupo dividido, Strauss e Ravel irão travar a batalha que pode mudar o destino de Mark.

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  2. Mais um capítulo que veio ame surpreender muito! A princípio, pensei que Strauss era líder da Vama Marga mais pelo fato de ser sábio e ter conhecimento de rituais. Não imaginava que ele pudesse sertão poderoso assim! E olha que ele ainda estava exausto por causa do selo que fez em Mark, mas mesmo assim conseguiu derrubar fácil alguns homens liderados por Ravel...
    Olha, essa bomba espiritual é bem interessante. Creio que ela estaria usando a essência de Deus que há nesses humanos, não é? É uma pena que teria que sacrificar muitas vidas para que conseguissem executá-la... Será que a bomba teria "critérios" no momento de pegar almas para serem utilizadas?
    Discordo do Ravel, não acho o Strauss covarde por ele ter encontrado algo/alguém que o fizesse a "voltar" a ter esperanças. Mas confesso que adoro esses conflitos ideológicos, deixa não só a fic mais rica, mas também dá uma grande profundidade aos personagens.
    Creio que o confronto de Strauss e Ravel será algo muito tenso. Por um lado, Ravel é mais jovem e pelo visto está descansado. Por outro, Strauss é mais experiente e poderoso, mas está cansado após fazer o selo em Mark e também está mais de idade. Mas agora ele poderá lutar mais tranquilo, já que conseguiram trazer o Icelo com sucesso.
    Como os anteriores, foi outro excelente capítulo. É interessante conhecer habilidades de personagens como Strauss e Ravel, que mesmo sendo humanos, são muito fortes. Creio que Strauss não sobreviva a essa luta, mas imagino que vá dar trabalho para o Ravel XD Estarei aguardando o próximo capítulo!

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