Wednesday 12 March 2014

Capítulo 44 - A promessa de um homem




Assim que a reunião começou Mark perdeu o controle e partiu para cima de Ravel o atacando com vários socos no rosto, ate ser detido por Zachary.
Strauss então ordenou que Stanley parasse imediatamente, ele possuía a habilidade de causar alucinações no oponete, e estava usando isso para fazer Mark imaginar que Ravel tinha batido em Zachary, fazendo assim com que ele atacasse.
Era claro o objetivo dele em mostrar Mark como alguém desequilibrado e instável, os membros do conselho assistiam a tudo com atenção.
Ravel defendia que por mais poderoso que Mark fosse ele representava um risco grande demais para ser suportado, não podiam se arriscar a acreditar em antigas historias sobre um presente de Deus, precisavam encarar a realidade que se apresentava em frente deles.
Caso Mark perdesse o controle ou mesmo se voltasse contra a humanidade era um perigo muito maior do que o céu e o inferno, uma vez que eles pelo menos não podiam vir para nosso mundo, enquanto que ele já estava aqui.
Aquele não era alguém em quem se pudesse confiar, era na verdade apenas um garoto assustado, que possuía poder demais e se não fosse detido machucaria a si mesmo, bem como a outras pessoas, mas nesse caso o descontrole dele podia significar o fim de todo o mundo.
Mais do que isso, Ravel defendia que eles não precisavam de nada daquilo, que a humanidade devia ser capaz de se defender por conta própria, que o presente que Deus havia deixado para nos era nossa própria alma, que usando-a poderíamos confrontar céu e inferno.
Defendia que com o treinamento e liderança apropriadas os Bem-Aventurados seriam a nossa força de defesa e ataque. Que ele havia reunido vários deles, o maior grupo que jamais havia sido reunido pela Vama Marga. Enquanto no passado se teve medo e receio de usar os poderes deles, Ravel acreditava que eles eram uma benção, eram um modo de a humanidade destruir seus inimigos.
O conselho estava dividido, a maioria deles considerava Mark como alguém sagrado, aquele que desde a criação do mundo havia sido prometido por Deus aos homens, mas não podiam deixar de perceber a falta de temperança que ele possuía, e de como isso podia vir a ser um risco. Mas do mesmo modo temiam as ações de Ravel, começavam a se questionar se ele não tinha se tornado poderoso demais para alguém tão jovem. E como ele tinha montado seu próprio exercito particular dentro da organização.
Strauss assistia a tudo tentando se manter sereno, calculando e medindo cada uma das palavras que usaria. Não estava totalmente surpreso pelo discurso de Ravel, sempre soube que ele era ambicioso e perigoso, era justamente por isso que tinha pessoalmente o escolhido para fazer parte da sua comitiva pessoal, para vigia-lo de perto.
Zachary e Mark assistiam a tudo aquele, este estava confuso, se sentia incomodado pela forma que falavam dele, como se fosse um monstro, uma arma, não o reconhecessem como um ser humano, aquele preocupado com Dante e também avaliando o quanto a Vama Marga havia mudado desde que ele fizera parte dela.
Então, todos se concentraram em Strauss, ele começaria a sua defesa de Mark. Argumentava que desde a sua fundação o objetivo da Vama Marga era proteger a humanidade e esperar pela vinda do salvador, do anjo Nathaniel, aquele que poria fim a guerra e traria paz ao mundo.
Que ao longo da historia a organização várias vezes havia falhado em proteger os Kroos, mas que agora finalmente o eleito havia chegado, aquele destinado a guiá-los rumo ao futuro.
Embora reconhecesse a juventude e imaturidade de Mark afirmava que ele também tinha dado grandes demonstrações de força e coragem, que sob a tutela correta ele amadureceria e se tornaria um grande guerreiro e líder. Strauss pessoalmente disse que se incumbiria disso, de ser o tutor dele ate que estivesse pronto.
Que no confronto com os anjos e anjos caídos que acontecerá mais cedo naquele mesmo dia ele tinha derrotado vários deles, algo que humanos não conseguiriam sem a perda de inúmeras vidas.
E ao fim começou a falar sobre os riscos do plano de Ravel, que cada vez que humanos usavam suas almas como armas perdiam mais de sua humanidade, e que isso valia também para os Bem-Aventurados.
Além disso, quanto mais confrontos acontecessem mais a barreira que protege nosso mundo ficaria abalada. A estratégia de confronto direto que Ravel queria era um suicídio, a perda de vidas seria muito grande, e sem a certeza de algum ganho real. Não se conhecia de verdade a força dos maiores entre os anjos, eles seriam adversários tão terríveis que nenhum humano poderia confrontá-los.
Apenas Mark, ele havia sido escolhido por Deus por esse motivo, ser o guardião da humanidade, quando se aproximasse a época em que o confronto final ocorreria ele lutaria pelos homens. Era preciso ter fé nele, e Strauss pedia um voto de confiança, colocando seu posto de líder a disposição para que pudesse ficar a cuidar dele.
No inferno Lúcifer estava furioso, com poderosos golpes destruía as paredes de seu castelo, não aceitava o fracasso da missão em trazer Lilith de volta. Gremory tentava se defender colocando toda a culpa em Belial, que falhou como líder, não conseguiu criar uma estratégia e guiar o grupo.
Mostrava com orgulho os ferimentos e asa perdida como forma de convencer Lúcifer que tinha feito todo o possível para trazer Lilith de volta, devido a severidade dos ferimentos pediu para se retirar para poder descansar e se recuperar.
Todos os anjos caídos mostravam grande temor, nunca haviam visto Lúcifer tão irritado, nem mesmo Vassago parecia capaz de acalmá-lo. Ele estava se preparando para fazer algo grande, a fúria dele não seria mais contida, toda a criação estava correndo perigo.
Mesmo temeroso Vassago tinha de informar sobre o que mais havia acontecido, que os anjos caídos que tinham ido ao mundo dos homens no segundo momento, haviam retornado após serem banidos por Nathaniel, que parecia agora estar quase que totalmente desperto. Este fato não podia ser ignorado.
Mas Lúcifer parecia não ouvi-lo, toda sua fúria se voltava para o céu, onde Lilith deveria estar sendo feita prisioneira.
Na sala onde acontecia a reunião do conselho do Vama Marga para decidir sobre o destino de Mark, Ravel parecia perceber que estava em dificuldade, que apesar das desconfianças sobre Mark o conselho tinha fé no julgamento de Strauss e pareciam dispostos a acatar a decisão que ele tomasse.
Astutamente Ravel tinha um plano reserva, algo para reverter a situação. Ele começou a falar sobre Katherine, mostrar um relatório que Stanley tinha sobre ela, de como representava também um grande risco.
Toda aquela grande batalha tinha acontecido por causa dela, céu e inferno pareciam interessados nela, e mesmo que tivesse desaparecido durante a luta ainda poderia retornar, vindo novamente a causar outra batalha quando tentassem capturá-la. Além disso, era preciso descobrir o porquê de tanto interesse nela.
Enquanto seus olhos fitavam os de Mark, Ravel então sugeriu ao conselho que decretassem pena de morte para Katherine, tornado-a inimiga da Vama Marga, e devendo ser executada por qualquer dos seus membros assim que fosse encontrada.
Neste momento Mark não pôde mais se conter, mesmo com Zachary tentando segurá-lo ele partiu par cima de Ravel derrubando com um soco no rosto.
Mark encarou então todo o conselho, não parecia mais um garoto nervoso e assustado falando, mas um homem que tinha pensado e ponderado cada palavra que iria dizer.
Afirmou que não era uma arma que eles decidiriam a forma mais conveniente de usar, que tomaria suas próprias decisões.
E principalmente que não os considerava como inimigos, mas que se tentassem atacar a ele, ou qualquer pessoa que ele amasse ele não hesitaria em atacá-los. Não se importaria de ter todo o mundo como adversário para proteger aqueles que eram importantes para ele. Mark prometeu que não perderia mais ninguém.
Embora preocupado com o efeito das palavras dele, e achando tudo aquilo temerário, Zachary não conseguia esconder um sorriso de orgulho, com todas aquelas perdas, com toda dor que havia tido nestes últimos tempos, Mark havia crescido muito, por um momento ele parecia já ser um homem e não um garoto.
O monitor pelo qual realizavam a conferencia com o conselho foi então desligado, após ouvir ambos os lados eles se reuniriam sozinhos por uma hora e então anunciariam a decisão final.
Zachary voltou para a enfermaria para ficar com Dante, Mark iria acompanhá-lo, mas Strauss pediu que ele ficasse, disse que tinham algo para conversar.
Ravel reunia Stanley e mais alguns homens que pareciam ser leais a ele, aquilo certamente não era um bom sinal, mas no momento Strauss não podia fazer nada, era necessário esperar pela decisão.
No paraíso Azrael estava acorrentado a um pilar, bradava e gritava amaldiçoando a todos, estava descontrolado, o nome que Gremory havia pronunciado mexeu com ele. Orphaniel o tinha prendido no momento em que retornou, ao ver o estado dele percebeu que se voltasse para lutar terminaria por causar problemas ou ser morto.
Calmamente se aproximou dele e o golpeou na barriga, um poderoso golpe que o fez desmaiar.
Agora que estava em silencio podia se concentrar, contabilizar o número de mortos e avaliar a situação dos feridos. Perceber que todo o equilíbrio que durava já séculos estava prestes a ser rompido pelo aparecimento de Nathaniel.

Precisava escolher como comunicaria a Miguel que a missão tinha sido um fracasso completo, que tinham tido várias mortes e feridos, mas no fim tinham perdido Lilith, não sabiam o que havia acontecido com ela, então só podiam supor que tinha retornado ao inferno.   

2 comments:

  1. Muito bom capitulo, os Vama Marga tentaram fazer de Mark um garoto imaturo e descontrolado para que ele não fosse acreditado, mas ao decretarem pena de morte para Katherine ele mostrou a todos que ele é um homem e defende os seus ideiais nem que tenha de combater os seus semelhantes, no final descobrimos que a garota poderá estar no inferno, estou curiosa para saber o que vem a seguir.

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  2. É, Ravel... Seu nome deveria ser Cascavel, homem! Mas até que rima mesmo...
    Enfim, ele parece ser um cara muito mal intencionado, e até entendo agora o porque de Strauss deixar um homem desses na equipe dele... Realmente tem que ficar de olho bem aberto.
    Parece que eles temem mais o Nathanael do que qualquer outro anjo ou demônio. Acho que se, se Markj for bem treinado e instruído, não precisariam ficar com tanto medo. Mesmo tendo algumas atitudes impulsivas, que na maioria das vezes foi para tentar proteger aqueles que ama, ele é um bom garoto. Nesse ponto, concordo com o Strauss.
    Olha só... Sacanagem master condenar a Katherine a pena de morte! Com certeza foi para desestruturar ainda mais o pobre Mark, para provar os outros que ele é desequilibrado... Golpe baixo, muito baixo... Mas teve o que mereceu! Levou uma bem na cara XD
    Bom, pelo o final, pressuponho que Lilith/Katherine esteja mesmo com Icelo... Já que nem o paraíso e nem o inferno tem noção de onde ela está. Além de que, pelo o que me lembro, o plano em que Icelo ficava era um ótimo esconderijo...
    Mais um excelente capítulo! Gostei bastante de saber sobre essas tretas internas do Vama Marga, imagino que Ravel pode virar um inimigo mais perigoso ainda que os anjos e os demônios. Meus parabéns!

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