Na mitologia grega existe uma historia
sobre uma mulher chamada Pandora, ela havia recebido dos deuses um jarro,
tinha-lhe sido dito para nunca abri-lo, mas um dia ela o fez. Dentro dele
estavam todos os males que a partir desse momento passariam a assombrar a
humanidade, entretanto, depois que todos eles fugiram, ainda restava uma coisa
dentro do jarro, a esperança.
Com o tempo o sentido da historia foi
modificado, e passou a se imaginar a esperança como algo bom, que tinha ficado
dentro do jarro que continha os males para caso um dia fosse aberto ser aquilo
que salvaria os homens, pois o único modo de não ser tomado pelo desespero era
acreditar em um futuro melhor.
Contudo, esse não era o sentido original
do mito, para os gregos a esperança não era vista como algo essencialmente bom,
por isso estava dentro do jarro, para eles a esperança era o maior dos males,
aquele que nos fazia continuar subindo a montanha, apenas para no fim do dia
cair e ter que rolar a pedra gigante ate o topo novamente, como na lenda de
Sísifo.
A esperança é algo que nos faz acreditar
em um futuro melhor, mas também é o que nos causa desilusões e dores ainda
piores do que se nada esperássemos. Foi ela que nos fez continuar vivendo mesmo
depois de todos os males terem sido lançados sobre nós, ela tornou o castigo
eterno nos impedindo de resignar-se e aceitar o fim.
Era este o sentido dos atos do Ramiel e
do modo como ele lutava, para ele não era suficiente vencer seus adversários,
ele queria quebrantá-los, aniquilar seu espírito de luta, o fazer não ter mais
vontade de erguer o punho.
Primeiro ele fez Dante acreditar que
tinha vantagem em combate a curta distância, depois ele deu a entender que
tinha perdido os movimentos do braço e tinha ficado vulnerável, tudo isso para
fazer aquele humano acreditar que estava um passo mais perto da vitoria, que
com um pouco mais de esforço conseguiria.
Como um tolo Dante perseguia essas
esperanças, ate no fim ser confrontado com a cruel realidade, que Ramiel
brincou com ele o tempo todo, toda a esperança foi tomada dele, o humano se via
com o braço e a perna machucados, tendo assim seus movimentos limitados,
enquanto que seu adversário estava ainda inteiro na luta.
Mas o maior dano era aquele não visto, o
psicológico, Dante tinha feito o seu melhor, atacado com força total, mas nem
isso tinha sido o bastante, talvez ele não pudesse vencer, este era o
pensamento que preenchia sua mente nesse momento.
Dante,
eu admiro sua persistência e coragem, portanto eu lhe farei uma oferta
especial, vendo o quanto seu corpo esta debilitado, que esta sem poder se mover
rápido por causa da sua perna e com o seu punho quebrado. Eu podia ficar
atacando-o a distância, usando minha velocidade para atacar e recuar, mas não,
ao invés disso eu lhe proponho uma troca de golpes, uma luta justa, nos
socarmos ate um nocautear o outro. – disse Ramiel
Ele não podia recusar essa oferta, Dante
não confiava nele, sabia que devia ser uma armadilha ou haver por trás disso,
mas a esta altura era sua melhor chance. Mancando ele vai ate o centro do
templo onde Ramiel o encara, em seguida começa a tempestade de golpes. Como
dois boxeadores eles trocam socos no centro do ringue.
O plano de Ramiel era simples, ele sabia
que Dante estava acuado, mas que no fundo da sua mente continuava a pensar o
mesmo, que poderia vencer se tivesse chance de acertá-lo, e o anjo queria
destruir toda e qualquer esperança, ele aceitou levar o combate para estes
termos pela condição do humano.
Embora ainda tivesse um punho para
socá-lo, com a perna fraturada ele perdia o pé de apoio, seus socos eram dados
apenas usando a força do tronco, não de todo o corpo, os golpes que Dante
acertava não eram capazes de causar grande dano a ele. Ele queria humilhar seu
adversário e mostrar que ele nunca seria capaz de vencê-lo.
Após receber alguns golpes Ramiel fica
serio, facilmente esquiva dos ataques de Dante, mesmo a curta distancia, e em
seguida começa a desferir dezenas de socos, o rosto do humano incha com tantos
ataques, ele cospe sangue enquanto seu corpo é atingido incontáveis vezes, ate
que ele cai de joelhos.
Levante,
eu disse levante! Era esta a luta que você queria não é? O seu grande plano
quando ousou vir ate mim e me desafiar. Todas as suas estratégias, tudo que
você tentaria, eu esmaguei tudo diante dos seus olhos, eu tirei tudo de você,
não passa de um animal que teve as garras e as presas arrancadas. – disse
Ramiel
Enquanto Dante tenta se levantar para
pelo menos morrer em pé e lutando, Ramiel novamente acerta vários golpes em seu
corpo fazendo o cair no chão, nesse momento o ano pisa em sua cabeça enquanto
chuta o seu corpo e cospe nele.
Completamente
derrotado, um perdedor incapaz de me atingir. Você não é nada Dante, uma
decepção, um fracasso, sua vida é tão miserável que ate tenho nojo de ser eu a
tomá-la, não vou me orgulhar disso. Na verdade, em pouco tempo vou esquecê-lo,
você sequer vai ser lembrado como um inimigo de valor, apenas mais um que eu
venci. – disse Ramiel
Dante aperta seu punho, ele nunca tinha
se sentido tão humilhado em sua vida, ele estava furioso, mas Ramiel pisa em
sua mão, demonstra de todo modo como ele estava derrotado.
Mas antes que ele pudesse dar o golpe
final é detido, uma presença poderosíssima caminha entrando no templo.
Enquanto isso, no templo da Fé, antes
protegido por Haziel, estavam agora Nathaniel e Kali, ele não queria perguntar,
assim como ela não queria responder, mas e agora o que se seguiria após terem
vencido Vassago e o anjo guardião?
Ambos se encaravam e Nathaniel não sabia
o que esperar, antes de Vassago aparecer ela o tinha atacado e parecia disposta
a matá-lo. Kali ficava inquieta na presença dele, ainda mais agora depois do
confronto com Haziel.
A parte humana que ela acreditava ter
enterrado tinha reaparecido por causa dele, os fortes sentimentos que ela
nutria por ele ainda a ligavam a sua humanidade, era algo que ela queria negar,
ela acreditava que isso a enfraqueceria, que não podia pensar em romances ou em
uma vida depois disso, ela só podia pensar em Miguel e em como vencê-lo, depois
disso vingaria Lúcifer matando Nathaniel.
Mas não nesse momento, ela ainda sentia
os lábios dele contra os dela, ainda pensava nele com ternura, sabia que agora
não conseguiria matá-lo, precisava então afastá-lo, mandá-lo para longe.
Vá
embora, deixe esse lugar. – disse Kali
O
que você esta dizendo, você precisa de ajuda, eu vi que a Katherine ainda esta
ai em algum lugar, eu vou trazê-la de volta. – disse Nathaniel
–
Se decidir permanecer esteja preparado para uma luta ate a morte comigo. A
decisão é sua, seguir em frente e continuar sua missão, afinal ainda faltam
três templos, ou ficar aqui e ter uma batalha sem sentido comigo.
Ele sentiu a determinação nas palavras
de Kali, ao mesmo tempo em que ela liberava sua aura de modo agressivo em
direção a ele, não havia o que fazer, ele decidiu então acreditar nela, que
deveria seguir com a batalha contra Miguel, e que novamente se encontrariam e
ele teria a chance de trazer Katherine de volta.
Eu
não desisti de você, eu nunca vou desistir. Quando você precisar eu sempre
estarei lá por você. Por favor, tome cuidado. – disse Nathaniel antes de partir
deixando Kali no templo
Embora tentasse disfarçar, algumas
lágrimas rolaram pelo rosto dela. Mas logo ela se recompôs, não podia ficar
distraída ou baixar sua guarda.
Revele-se,
percebi sua presença desde a parte final da minha luta com Haziel, imagino que
iria esperar a batalha terminar para me matar quando eu estivesse cansada e
ferida, imagino que tenha se escondido com a chegada de Nathaniel, mas agora
ele já foi. Apareça de uma vez, ou ainda esta com medo de me enfrentar. – disse
Kali
Nesse momento uma sombra se revela, era
Dantalion, o último dos membros da guarda real de Lúcifer, ele havia traído
Kali e feito um acordo com Haziel, poderia se juntar ao exercito de Miguel, mas
em troca deveria trazer a cabeça de sua nova líder. Ele não aceitava esta nova
liderança, ao ver a morte de Vassago sentia-se ainda mais perdido, não via
razões para seguir aquela jovem.
Por
que o mandou embora? Excesso de confiança pode ser fatal, subestimar um inimigo
que você desconhece a força e as habilidades, só prova o quanto você é
inesperiente, uma criança idiota com mais poder do que merecia. – disse
Dantalion
Não
sou uma princesa indefesa, sou uma rainha. Não preciso que ninguém lute minhas
batalhas, posso derrotar você, assim como posso derrotar Miguel sozinha. –
disse Kali de modo confiante
Kali sentia que precisava provar para si
mesma do que era capaz, ter precisado da ajuda de Nathaniel para vencer o anjo
tinha magoado seu orgulho, ela queria provar que era mais do que a filha de
Lúcifer.
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